sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Há Mais de Mil Bebés Que Ninguém Sabe Onde Nasceram

As estatísticas do INE sobre partos em Portugal mostram um aumento significativo de nascimentos em sítios que não são nos hospitais nem nos domicílios (de uma média de 123 nos anos anteriores passaram para 1106, em 2008). O instituto garante que os números estão correctos, mas não consegue explicar o fenómeno, que surpreende até os obstetras

O número de partos em locais que não hospitais e domicílios disparou no último ano. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), passou de uma média de 123 entre 2004 e 2007 para 1106 em 2008. Mais de mil bebés que ninguém sabe explicar onde nasceram. O INE admite que não consegue esclarecer que "outros locais" são estes, e os obstetras confessam-se surpreendidos e sem explicação para o fenómeno.

Aliás, conforme apurou o DN, o aumento inesperado está a ser exaustivamente discutido entre o INE e a Direcção-Geral da Saúde.

"Se o parto não é no hospital, nem em casa, sobram as ambulâncias", diz Silva Carvalho, presidente do Colégio de Obstetrícia da Ordem dos Médicos. Mas nas ambulâncias dos bombeiros nasceram apenas nove bebés em 2008, segundo o presidente da Liga Nacional dos Bombeiros, Duarte Caldeira.

Jorge Branco, director da Maternidade Alfredo da Costa, a maior do País, também tem dificuldade em justificar os números, colocando a possibilidade de ser um erro estatístico ou um engano dos funcionários que fizeram o registo dos recém-nascidos.

No entanto, o INE garante que não há erros. "Não houve qualquer alteração metodológica ou de outra natureza" , refere uma nota do departamento de estatística do instituto enviada ao DN.

Na resposta, os responsáveis do INE asseguram que os "dados sobre os partos segundo o local estão correctos". E explicam que nos registos "de nados-vivos e de fetos mortos existe um campo de preenchimento obrigatório sobre o local com três pontos a assinalar: domicílio; hospital/clínica e outro local". É a partir destes campos que são feitas as contagens."

A DGS, por sua vez, está a estudar as estatísticas. Até agora conseguiu apurar que os nascimentos se distribuem por todo o País, eliminando a hipótese de se tratar de um problema localizado.

O aumento de nascimentos fora dos hospitais - quer em casa quer noutros locais - preocupa o presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia, Luís Graça, que teme um aumento de complicações e consequentemente da taxa de mortalidade perinatal.

DN

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