terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Bombeiros Perdem Horas Até ao "Santo António"

A alteração do hospital do referência do concelho de Gondomar está a revoltar bombeiros, autarcas e utentes. Antes iam para o S. João, mas agora são encaminhados para o Santo António. A viagem demora três vezes mais.

Os bombeiros são obrigados a recusar dezenas de serviços, porque o trajecto é maior e as ambulâncias estão menos disponíveis. A corporação da Areosa, que serve as freguesias de Rio Tinto e Baguim do Monte, mostra os números: as ambulâncias fazem mais mil quilómetros por mês; estão mais 49 horas por mês fora das instalações (indisponíveis para outros serviços) e a média mensal de recusas às chamadas do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) subiu de 12, em Agosto, para 27, em Novembro. "O socorro é menos imediato e estamos a acumular prejuízos", refere José Costa, comandante dos Bombeiros da Areosa.

A mudança afecta sobretudo quatro freguesias de Gondomar: Rio Tinto, Baguim do Monte, S. Pedro da Cova e Fânzeres, num total de cerca de 120 mil habitantes. E os presidentes das juntas juntam-se aos protestos. Queixam-se de não terem sido ouvidos nem achados na decisão da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte que entrou em vigor no dia 1 de Setembro.

Primeiro veio a confusão pela surpresa que a medida causou. "Ninguém avisou ninguém", diz Marco Martins, presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto. Até a Câmara de Gondomar foi apanhada de surpresa, como confessou o vereador Fernando Paulo.

Depois da surpresa, veio "a revolta" das populações, obrigadas a fazer deslocações maiores e sem transportes directos. Marco Martins, que já enviou uma queixa à ARS Norte, lembra que a Junta lutou dois anos por uma linha da STCP directa do Centro de Saúde de Rio Tinto para o Hospital de S. João. Conseguiu-a em 2007, mas agora já não faz sentido.

Para melhor explicar o critério de proximidade geográfica que defende, Marco Martins apresenta um exemplo "caricato": uma vítima atropelada numa zona de fronteira como a Estrada da Circunvalação é transportada para o Santo António, a 14 minutos de distância, se estiver do lado de Rio Tinto. A mesma vítima, do lado do Porto, vai para o S. João, a dois minutos de distância.

As críticas estendem-se a Baguim do Monte. "Temos o problema dos transportes públicos, as distâncias são muito maiores, no Santo António não há estacionamento e as Urgências não estão preparadas para receber tanta gente", refere Nuno Coelho, presidente da Junta de Baguim do Monte, onde está a correr um abaixo-assinado para repor a referenciação para o S. João.

Conforme o JN noticiou na semana passada, a Urgência do Santo António está a rebentar pelas costuras desde que começou a receber os utentes de Gondomar. No mês passado, atendeu mais 870 doentes do que no mesmo período do ano anterior e cerca de 700 eram de Gondomar. A afluência daqueles utentes, aliada aos casos de gripe A, têm elevado os tempos de espera de atendimento e provocado graves constrangimentos no serviço.

A freguesia de S. Pedro da Cova também está a sentir as alterações, mas de forma diferente. Antes, explicou o presidente da Junta, a maioria dos utentes era atendida no Hospital de Valongo, a cinco minutos de distância. Só em casos graves seguiam directamente para a unidade hospitalar de S. João. Agora, vão todos para as Urgências do Santo António. "Os utentes são quem mais sofre", refere Daniel Vieira.

A ARS Norte remeteu esclarecimentos para hoje.

JN

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