Está consumado. Comandante, segundo comandante e comandante adjunto demitiram-se do corpo de bombeiros de Cantanhede. Cerca de 60 bombeiros estão “indisponíveis”
A crise está instalada no corpo de bombeiros de Cantanhede. Tal como o Diário de Coimbra noticiou em primeira-mão, o comando completo, liderado pelo major Mário Vieira, pediu a demissão em bloco, e a direcção da Associação Humanitária, liderada por Idalécio Oliveira foi praticamente obrigada a aceitar as demissões.
Na sequência da tomada de posição de Mário Vieira, Marco Sousa (segundo comandante) e Nuno Carvalho (comandante adjunto), cerca de 60 elementos da corporação entregaram os capacetes em sinal de solidariedade com o comando e indisponibilizaram-se para o serviço, o que significa que – se estes elementos levaram “a peito” a ameaça –, a corporação fica reduzida a cerca de metade dos seus activos, o que é considerado uma tragédia para a segurança de pessoas e bens de todo o concelho de Cantanhede.
Também na sequência da demissão do comando, Mário Vieira escreveu uma carta dirigida aos cidadãos do concelho a explicar as razões que o levaram a exercer esse direito. Razões que, afirma, «são por demais conhecidas», mas nunca é demais repeti-las. Tal como o nosso Jornal noticiou no passado dia 16 deste mês, o agora ex-comandante insurge-se contra a «interferência no comandamento do corpo de bombeiros» onde o presidente da direcção «de forma continuada tem limitado o exercício do comando».
Na carta redigida por Mário Vieira que o DC teve acesso, são descritas várias acusações à direcção da Associação Humanitária, que acabaram por despoletar esta grave situação, numa altura em que o país está em alerta permanente devido aos riscos de incêndios.
O ex-comandante acusa a direcção «do não cumprimento do que tinha protocolado comigo» numa reunião de Agosto do ano passado, onde tinha ficado bem explícito de que tomaria o cargo de comandante, «desde que os funcionários e bombeiros ficassem na alçada do comando, a fim de evitar duplicações de ordens», mas também de, após a sua tomada de posse, a direcção ter nomeado dois coordenadores «para executarem o serviço do comandante, com as respectivas competências, sem que o comandante tivesse expressado a sua opinião sobre o assunto».
As queixas são mais que muitas e Mário Vieira também invoca «a continua violação de correspondência do comandante, como se fosse subalterno do senhor presidente», bem como a utilização dos directores «para estarem à frente de todas as áreas da competência do comandante».
Falta de palavra da direcção - Continuando a desfiar o rol de queixas, o major do Exército na reserva, que comandou os bombeiros de Cantanhede durante cerca de um ano e meio, acusa a direcção de falta de palavra em cumprir o acordado com os assalariados, «estando por pagar o subsídio nocturno», quando estes elementos continuam a dar o seu melhor, «apesar das promessas não cumpridas»; e os contínuos despedimentos e novas aquisições, «sem sequer falar com o comando acerca disso». Ou seja, não renovando contratos a bombeiros «que têm dado o seu melhor somente porque cumprem as ordens do comando».
Falta de palavra da direcção - Continuando a desfiar o rol de queixas, o major do Exército na reserva, que comandou os bombeiros de Cantanhede durante cerca de um ano e meio, acusa a direcção de falta de palavra em cumprir o acordado com os assalariados, «estando por pagar o subsídio nocturno», quando estes elementos continuam a dar o seu melhor, «apesar das promessas não cumpridas»; e os contínuos despedimentos e novas aquisições, «sem sequer falar com o comando acerca disso». Ou seja, não renovando contratos a bombeiros «que têm dado o seu melhor somente porque cumprem as ordens do comando».
Depois, Mário Vieira alega a «arrogância da direcção», que recusou entregar o fardamento ao comando, para que este o disponibilizasse aos seus homens e mulheres, e marcou uma reunião com o corpo activo, «a fim de entregar as fardas e os bilhetes para a Expofacic, como se estivesse a dar um donativo aos pobres», esquecendo-se – acusa Mário Vieira -, que todos os bombeiros têm direito ao seu fardamento…
«Os bombeiros não são mão-de-obra barata para este senhor engenheiro poder utilizá-los como bem quer», alega o ex-comandante, afirmando que uma associação humanitária de bombeiros voluntários «não é uma feira de vaidades». Uma associação destas, argumenta, exige trabalho, competência, tempo, «que é coisa que esta direcção não tem tido. Não trabalha, não tem tempo para os problemas dos bombeiros e tem mostrado ser incapaz de gerir esta associação nas coisas mais elementares».
Na longa carta onde Mário Vieira invoca as razões que o levaram a tomar a decisão que tomou, conclui que toda a gente tem de saber que, afinal, o problema não é dos comandos ou dos comandantes que passaram pela corporação, mas sim de «uma direcção incapaz de gerir uma casa centenária» e que toda a situação dos bombeiros de Cantanhede «é um imenso pântano, provocado pelos desvarios de poder constantes da direcção».
Ataques “infundados e lamentáveis” do comandante - O Diário de Coimbra contactou o presidente da direcção da Associação Humanitária que, face ao teor das acusações de Mário Vieira, começa por «lamentar profundamente que o senhor comandante dos Bombeiros Voluntários de Cantanhede e alguns bombeiros estejam empenhados em desenvolver uma campanha de intoxicação da opinião pública, que em seu devido tempo será totalmente esclarecida».
Ataques “infundados e lamentáveis” do comandante - O Diário de Coimbra contactou o presidente da direcção da Associação Humanitária que, face ao teor das acusações de Mário Vieira, começa por «lamentar profundamente que o senhor comandante dos Bombeiros Voluntários de Cantanhede e alguns bombeiros estejam empenhados em desenvolver uma campanha de intoxicação da opinião pública, que em seu devido tempo será totalmente esclarecida».
A direcção da associação, em conjunto com os restantes órgãos sociais, refere Idalécio Oliveira, «está a avaliar o teor das graves acusações proferidas e irá tomar uma posição pública pelos meios considerados mais adequados».
Este responsável diz ainda lamentar «que o senhor comandante tenha anunciado a sua demissão minutos antes da inauguração da Expofacic, sem que antes tenha apresentado à direcção qualquer documento a formalizar o pedido de demissão».
Direcção que considera que, nesta fase, «mais do que responder aos ataques infundados e lamentáveis do senhor comandante, o importante é resolver os problemas operacionais que ele próprio criou». A título de exemplo, relativamente ao que denomina de «problemas operacionais», Idalécio Oliveira refere o facto de Mário Vieira «não ter acautelado os meios de salvaguarda da segurança dos participantes da Expofacic, por onde passam diariamente dezenas de milhares de pessoas, conforme foi solicitado a esta associação e devidamente aceite por esta direcção».
O presidente da direcção faz notar que «estamos num período em que a prevenção e o socorro devem ser a primeira preocupação dos bombeiros voluntários», conclui Idalécio Oliveira, remetendo para mais tarde outras explicações sobre esta crise interna que a corporação atravessa.
Diário de Coimbra
"Mário Vieira «não ter acautelado os meios de salvaguarda da segurança dos participantes da Expofacic, por onde passam diariamente dezenas de milhares de pessoas, conforme foi solicitado a esta associação e devidamente aceite por esta direcção»."
ResponderEliminarPronto! Esta frase diz tudo. Devidamente aceite pela direcção?... Mas trata-se de matéria de âmbito estritamente operacional, o que é que a direcção tem de estar a chamar a si áreas que não lhe competem?...
Como esta é uma história que começa a ser recorrente por este País fora, desde que o governo impôs,- e nós aceitámos - os novos estatutos das associações, com os presidentes das direcções à procura de protagonismo a usurpar de forma indecentemente funções que não lhes competem.
A história repete-se: BVSetubal/2006 Vs BVCantanhede/2010 ... uma tristeza!...
Imcompetencia de um militar do exército no comando de um corpo de bombeiros..falta de formação na gestão de recursos humanos só pode..ide gosar a reforma com uma mantinha pelas costas ide..
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