quarta-feira, 7 de julho de 2010

Viseu só tem cinco bombeiros para fogos florestais

Criação de um novo turno aumentou falta de profissionais. Sindicatos estão incrédulos com riscos da decisão.
No concelho de Viseu, com 507,1 km2 de área, grande parte florestal, e cem mil habitantes, há apenas cinco bombeiros para acorrer a fogos florestais.
Para as outras urgências, incluindo fogos urbanos e emergências médicas, há apenas quatro homens.
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) reconhece a existência de problemas "pontuais", mas assegura que no País os 35 mil bombeiros existentes são suficientes.

Em Julho, o comandante dos bombeiros municipais determinou a criação de um novo turno, mantendo o mesmo número de efectivos. Cada turno "passou a dispor de apenas seis bombeiros, para garantirem telefonista, duas ambulâncias e fogos", disse ao DN um graduado. "Faltam bombeiros. A segunda ambulância não sai do quartel e nos fogos vamos com três homens", adiantou. No concelho existe outra corporação de bombeiros, voluntária, que dispõe de uma equipa de combate a fogos florestais.

Mas nem esse facto mitigou o problema. No fim-de-semana, para abrir um apartamento, "onde se supunha estar um homem morto, os dois carros de socorro vieram de Mangualde". Uma inundação, na cidade, "só conseguiu ser resolvida meia hora depois do alerta". E, para um incêndio em Pascoal, "saíram apenas dois elementos".

Em causa estão as horas extraordinárias, que a autarquia deixou de pagar, mas o vereador da Protecção Civil assegura que "a decisão de aumentar os turnos foi feita sob proposta do comandante". Hermínio Magalhães negou a falta de segurança, mas prometeu "para breve" o reforço do número de homens.

Porém, em ordem de serviço, o comandante imputou ao vereador a redução do número de homens. Esta redução dos operacionais, em pleno Verão num dos concelhos de maior área florestal do País e com mais de cem mil habitantes, deixou incrédulos os sindicatos. O presidente da Associação de Bombeiros Profissionais classificou a situação de "elevado risco" e lembrou que "o rácio é de apenas um bombeiro para mil habitantes, o que coloca em risco os munícipes e os próprios bombeiros, que em sinistros não conseguem, por falta de homens, garantir a sua própria segurança".

A situação "não tem sustentabilidade operacional. Se sair uma viatura, a segunda já não sai, e não podemos contar com os voluntários que as próprias estruturas denunciam como tendo, também eles, falta de homens", concluiu Fernando Curto. Já o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local emitiu um comunicado em que acusou a autarquia de "colocar em causa as operações de socorro em plena época de incêndios".

DN

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