“O problema sísmico é complicado porque não temos uma actividade sísmica constante, ela é espalhada no tempo, e levanta-nos problemas em termos de uma boa aceitação. Daí tornar-se um pouco difícil convencer as autoridades que é uma questão que tem de ser tratada com todo o cuidado”, afirma Carlos Sousa Oliveira.
Segundo o especialista, os sismos ocorrem com alguma periodicidade. “Nos Açores ocorrem com mais frequência e aí o problema está mais dominado. No Continente, como o espaçamento maior e a memória é curta, as pessoas esquecem-se desse problema. Creio que este é um dos aspectos que tem feito travar mais o assunto”, refere.
Há possibilidade de virem a ocorrer sismos em Portugal. Já ocorreram no passado, “conhecemos o de 1755, que é o exemplo mais importante de todos”. Mas ultimamente eles não têm acontecido. “Houve um que as pessoas sentiram no dia 17 de Dezembro do ano passado, mas podem vir a acontecer mais, não conseguimos é prever quando”, afirma Carlos Sousa Oliveira. Este último sismo de Dezembro teve uma magnitude 6, mas “se tivesse de 6,5 já causava alguns problemas”. O professor alerta que “nos próximos 30 ou 40 anos é possível que hajam sismos maiores e que possam causar grandes problemas”.
Definir a perigosidade
Se ocorresse já um sismo amanhã, hipoteticamente, o país não saberia como agir. “Esse é um dos problemas que nós temos, é que não existe um organismo específico para a questão, existe a Autoridade Nacional de Protecção Civil que trabalha fundamentalmente após o sismo”, declara o cientista. “O que nós precisamos é de trabalhar no antes, nas medidas preventivas. E o melhor é pensarmos que vamos iniciar o mais rápido possível essas acções de prevenção e esperar que não ocorra um sismo agora, que venha mais tarde. É muito importante ter uma atitude pró-activa e não deixar passar o tempo porque piora a situação”, sublinha.
É preciso trabalhar para definir a perigosidade sísmica. Esta “tem a ver com as falhas, com a geologia, com as ondas sísmicas” e também com “o problema dos solos” e a “a vulnerabilidade das construções”, diz Carlos Sousa Oliveira. O Consórcio Riscos “pode facilitar-nos um pouco a vida e dar-nos mais ânimo para trabalharmos nesta situação”, revela.
“Nos próximos 30 ou 40 anos é possível que hajam sismos” afirma Carlos Sousa Oliveira. |
Para mitigar o problema dos riscos é necessário “conhecer bem a situação e actuar, arranjando um programa de actuação preventivo”. Segundo o professor da área de Mecânica Estrutural e Estruturas, “há muito trabalho do ponto de vista da comunicação dos riscos à população que tem sido feita de forma desorganizada. E o Consórcio Riscos pretende trabalhar nesse sentido”.
O objecto de estudo do consórcio, que envolve 50 núcleos de pesquisa universitários e várias empresas, incluem sismos, cheias, poluição, secas, fogos florestais e incêndios, deslizamento de terras e alterações climáticas.
ciênciahoje.pt
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