“Os conhecimentos em relação às viaturas pesadas eram muito poucos”, admite Carlos Diniz, comandante dos BVO desde 1990. “Como tenho um adjunto de comando que é formador nesta área, resolvemos organizar esta acção que correu muito bem”, explica o dirigente, que equaciona repetir uma iniciativa do mesmo género no próximo ano.
Formação é uma das palavras-chave dos BVO, que têm cerca de 30 crianças e jovens (entre infantes, cadetes e estagiários) na escola de bombeiros. O corpo activo é formado por cerca de 120 voluntários (30 são mulheres) dos quais 42 são também profissionais. Ou seja, depois do horário de serviço, estes homens fazem turnos não remunerados.
Entre os 26 veículos da corporação, está a jóia da coroa: o Thornycroft Nubian Major, uma enorme viatura de origem checa, fabricada há cerca de 35 anos. Chegado a Portugal para servir de carro de intervenção urbana do COPCON, a estrutura de comando militar criada pelo Movimento das Forças Armadas no período pós-25 de Abril, o veículo acabou por ser aproveitado pelos BVO. Hoje, é um carro de combate a incêndios único em Portugal, com 15 mil centímetros cúbicos de cilindrada.
Muitas foram as histórias que marcaram os 113 anos de vida dos BVO, com as dramáticas cheias de 1967 à cabeça. Mas na memória de Carlos Diniz ficou a morte de dois irmãos, de oito e dez anos, que os pais amarravam com uma corda a uma porta quando saiam para trabalhar. Uma bateria guardada debaixo da cama pegou fogo ao colchão de palha e as duas crianças não conseguiram fugir, morrendo asfixiadas.
Mas como tristezas não pagam dívidas, é com energia e vontade que os bombeiros se apresentam diariamente no quartel, apostados em evitar tragédias e ajudar as 120 mil pessoas que servem. E, se a falta de meios humanos pode vir a ser um problema, o mesmo não se passa com as instalações ? o quartel, inaugurado em 1997 e composto por um único piso dedicado à parte operacional, é do melhor que há no pais.
JN
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