Dívidas podem parar bombeiros de Castro Daire

Os Bombeiros Voluntários de Castro Daire fecham hoje a extensão de Parada por falta de dinheiro. E ameaçam paralisar, a partir de sexta-feira, por não terem crédito para comprar combustíveis. Com dívidas de 320 mil euros, sobram críticas para a autarquia.

António Pinto, presidente da direcção, reconhece que são várias as entidades que ?devem? dinheiro à colectividade. Desde a Administração Regional de Saúde do Centro, ?cerca de 80 mil euros?, até ao Instituto Nacional de Emergência Médica ?que já soma 30 mil euros de serviços prestados ainda por liquidar?. Mas é para a Câmara de Castro Daire que vão as maiores críticas.

“Ainda estamos à espera da transferência do habitual subsídio de 75 mil euros relativo a 2009”, desabafa o dirigente. Que considera “mais grave” o processo que envolve a comparticipação prometida para a construção de duas Unidades Locais de Formação.

?O anterior executivo tinha prometido ajudar-nos e nós fomos avançando. As duas unidades estão operacionais. Estamos inclusive a dar formação em incêndios florestais e urbanos a bombeiros. Agora precisamos da comparticipação municipal para liquidar os 130 mil euros que investimos?, diz António Pinto.

Lamentando ter negociado a ajuda com o executivo anterior em tempo de transição autárquica - “foi a última vez que me meti numa coisa destas” -, António Pinto acusa o actual presidente de desrespeitar acordos anteriores.

“Enquanto era vereador da Oposição, o senhor Fernando Carneiro levou o assunto duas vezes à reunião do executivo para ser resolvido. Depois foi eleito e prometeu ajudar-nos. Mas esqueceu-se rapidamente de tudo”.

António Pinto diz que basta a autarquia assumir e lavrar em acta o apoio que quer dar aos bombeiros, para o banco transferir o dinheiro. “Explicámos isso ao presidente durante uma reunião a 5 de Abril. Mais tarde veio dizer que o caso não tem a ver com a Câmara, mas com a Protecção Civil. É um erro. As Unidades Locais de Formação são escolas”, lamenta.

A primeira consequência das dívidas é fecho, a partir de hoje, da extensão dos bombeiros em Parada. A partir de sexta-feira, acaba o crédito para os combustíveis. “Fecharemos as portas. Acaba-se o socorro em plena época forte dos incêndios num concelho difícil”.

O autarca António Carneiro desmentiu, ontem, promessas de apoio. E nega ter levado o caso ao executivo quando estava na oposição. “Apenas fiz uma interpelação para saber o que se passava sobre uma eventual ajuda de 74 mil euros que nunca foi alvo de qualquer proposta”, diz. O autarca acrescenta, ainda, que manteve o subsídio de 75 mil euros aos bombeiros. “Dividi em três tranches de 25 mil euros. Falta uma”.

JN