A decisão da Câmara Municipal em não comparticipar os 130 mil euros investidos pelos bombeiros na construção de duas Unidades Locais de Formação (ULF) - uma das verbas mais vultosas do passivo de 320 mil euros que obrigou a fechar ontem a secção de Parada de Ester e ameaça paralisar a corporação, já este fim-de-semana, por falta de dinheiro para comprar combustíveis - está a deteriorar as relações com os bombeiros.
O presidente da corporação, António Pinto, garante que a comparticipação municipal foi prometido e protocolada com o anterior executivo liderado pela social-democrata Eulália Teixeira.
“A Câmara assumiu a construção das ULF que, na altura, ascendiam a mais de 80 mil euros. Fez o projecto, preparou os acessos e instalou a energia”, garante o dirigente, ao mesmo tempo que mostra um documento da Divisão de Obras, Planeamento e Ambiente da Câmara, datado de Setembro de 2009, onde esta propõe a execução da obra por ajuste directo.
Com as ULF em funcionamento, a corporação está a ser pressionada pelo empreiteiro para pagar. “Pedimos à Câmara para assumir o que foi prometido pela anterior presidente e passar uma nota de dívida para que pudéssemos levantar o dinheiro na banca. Não é isso que está a acontecer. Estão a dever-nos, inclusive, o subsídio anual de 75 mil euros. Com esta dívida e a de outras entidades, corremos o risco de fechar tudo”, alerta António Pinto.
O presidente da Câmara, Fernando Carneiro, nega a existência de dívidas para com os bombeiros de Castro Daire. ?Em 2009 transferimos um total de 139 mil euros, montante que inclui o subsídio de 75 mil euros (pago em três tranches), a equipa permanente de cinco homens totalmente assegurada por nós, seguros pessoais de todos os voluntários e outras despesas?.
Já este ano, lembra o autarca socialista, “aprovámos um subsídio de 75 mil euros e já pagamos duas tranches de 25 mil cada. Falta a terceira, que será liquidada logo que se possa, uma vez que não há prazo estabelecido. Onde está a dívida?”, questiona.
Sobre o alegado incumprimento da promessa de comparticipação das ULF, o autarca esclarece. “Quando fui contactado pelos bombeiros, interpelei a anterior presidente e actual vereadora, engª. Eulália Teixeira, que garantiu ter apenas prometido pagar o desaterro. Temos de acreditar nas pessoas”, diz Fernando Carneiro.
Preocupado com o fecho da secção de Parada, o autarca diz esperar que os corpos sociais dos bombeiros encontrem a solução.
JN
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