Gil Martins, comandante operacional nacional da Autoridade Nacional de Protecção Civil, no N.º 27 da revista PROCIV, explica que “nos últimos quatro anos, a média da área ardida foi de 52 mil hectares e não houve áreas ardidas anuais superiores a 100 mil hectares, um resultado alcançado pela primeira vez, em quatro anos consecutivos, nos últimos 25 anos”.
Mas o ano de 2010 “é novamente um grande desafio para o Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Florestais - DECIF e para todos os operacionais e agentes de protecção civil, porque Portugal sem fogos continuará a depender de todos”.
O comandante lembra que “com as actuais condições climáticas, a grande quantidade de combustível provocado por um Inverno rigoroso e muitas vezes o uso indevido do fogo pelos cidadãos, leva a que a ocorrência periódica de incêndios florestais violentos seja um fenómeno facilitado.
Anos como os de 2003, 2004 ou 2005 podem estar ao virar da esquina”. Sublinha ainda que, perante um dispositivo bem preparado para responder às diversas ocorrências não se pode cometer o erro de pensar que o problema dos incêndios está resolvido. “Os objectivos devem continuar a centrar-se no investimento no planeamento, na previsão do risco e do perigo, na análise e avaliação das vulnerabilidades do território, na formação continuada das equipas de intervenção e dos decisores e na regulação das questões organizativas”, esclarece, justificando que “aumentando a prevenção e o planeamento pode ajudar a reduzir o combate”.
Gil Martins destaca ainda a importância do ataque inicial, articulado com todos os agentes de protecção civil, “para reduzir a necessidade de grandes organizações e quantidades de meios empenhados nos teatros de operações”. O ataque inicial deve “despachar meios até dois minutos depois de obtida a localização do incêndio, de forma musculada, consistente e em triangulação, permitindo colocar o primeiro meio de intervenção operacional no incêndio até 20 minutos, no máximo, depois do despacho inicial”. Igual atenção se deve dar à fase de rescaldo, para garantir uma extinção efectiva.
Releva ainda a importância das campanhas de sensibilização, com o objectivo de alertar e adequar comportamentos ao território e à meteorologia, colaborando para reduzir o número de ignições, já que 97 por cento dos incêndios florestais têm origem humana, pelo que é bom não esquecer as medidas de prevenção e autoprotecção.
Quem mora junto a uma área florestal deve limpar o mato à volta da habitação, separar as culturas com barreiras corta-fogo, guardar a lenha e combustíveis em lugar seco e seguro, nem deve deixar crianças em casa sozinhas, trancadas, nem a brincar com fósforos ou isqueiros. Um extintor, um rádio, uma lanterna e uma caixa de primeiros socorros são imprescindíveis em casa. Na floresta não se devem deitar fósforos ou cigarros para o chão, nem acender fogueiras fora dos locais próprios.
Este ano, entre 1 de Julho e 15 de Outubro, está estipulado por lei que é proibido fazer queimadas e queimas de sobrantes em espaços rurais, tal como é proibido lançar foguetes, de balões com mecha acesa e utilizar fogo-de-artifício. Quando se encontra lixo ou excesso de mato ou pessoas com comportamento estranho, o melhor mesmo é avisar as autoridades, via 112. Em caso de se estar num local onde haja um incêndio, ou se este for próximo de casa, a melhor atitude é colaborar com os bombeiros e seguir as suas instruções, afastando crianças e viaturas, soltando os animais e, se caso disso, avisar os vizinhos e afastarem-se do local. Se houver tempo, devem desligar luz, gás e molhar as paredes de casa.
Desde o dia 1 de Janeiro até dia 13 de Julho foram registados no distrito 108 incêndios, tendo a sua maioria ocorrido a partir de 1 de Julho, na Fase Charlie, mas a pronta e eficiente resposta do ataque inicial evitou que alguma destas situações ganhasse maior dimensão.
Jornal Reconquista
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