A vigilância de incêndios em Portugal não vai, este Verão, dispor de meios aéreos. A confirmação foi, ontem, sexta-feira, feita pelo secretário de Estado da Protecção Civil, Vasco Franco, que considerou que as aeronaves, oferecidas em 2004, “não nos garantem nenhuma eficácia”.
As duas aeronaves de vigilância de incêndios da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) não vão ser utilizadas este Verão. Segundo Vasco Franco, os aparelhos, doados pela Fundação Vodafone Portugal, em 2004, “garantiam apenas uma protecção ínfima”.
Para a decisão do Governo contribuiu sobremaneira, indicou, os acidentes verificados com duas dessas aeronaves, um deles com duas vítimas mortais.
“Ao todo, foram oferecidas quatro aeronaves. Dessas, duas caíram, tendo um desses acidentes custado a vida a duas pessoas. Depois de dois acidentes e de dois mortos, mandámos parar essa acção”, disse.
O primeiro acidente, do qual resultaram duas vítimas mortais, verificou-se em Março passado, em Castelo Branco, com a aeronave que se despenhou junto à pista do aeroclube local.
A tragédia foi, mesmo, considerada “estranha” pelos associados da agremiação. Aos comandos do aparelho – um ultraligeiro Zephyr 2000 ULM, a exemplo dos restantes, oferecidos ao então Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil – seguia um instrutor do clube, piloto tido como “muito experiente”.
O segundo acidente, sem consequências de maior, teria lugar no começo do Verão, em Tomar. Piloto e passageiro saíram do aparelho com ferimentos ligeiros.
Ao que o JN conseguiu apurar, decorrem, ainda, os inquéritos relativos aos dois acidentes, encontrando-se a ANPC em vias de transferir os dois aparelhos ainda existentes (e estacionados no Aeródromo José Ferrinho, em Leiria) para a Empresa de Meios Aéreos.
“Temos uma rede permanente de torres de vigia, que funcionam, nesta fase, 24 horas por dia, com cerca de mil pessoas a trabalhar. É nessa rede que temos de confiar e não nas aeronaves. É esforço que agradecemos mas não queremos que essas pessoas corram riscos”, considerou, a propósito, Vasco Franco, enfatizando que o país “tem de dispor de um sistema de vigilância permanente e as torres de vigia são esse sistema”.
Confrontado com a opção da tutela, o presidente do Aeroclube de Leiria, Afonso Vieira, assinala: “Esta é uma valência que poderia ser aproveitada, numa altura em que o país precisa de fazer mais por menos dinheiro. Trata-se de um custo irrisório. No país existe uma dezena de aeroclubes que, a um custo muito baixo, poderia desenvolver esse trabalho. Os piloto são voluntários”.
Disse, ainda, que ao clube é devida a vigilância efectuada durante o ano de 2007, num total de cerca de 12 mil euros.
JN
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