sexta-feira, 23 de julho de 2010

A caminho da Mongólia numa ambulância com 20 anos

São milhares de quilómetros a atravessar deserto e montanhas numa antiga ambulância dos bombeiros. Chegam ao destino em finais de Agosto.
Dois arquitectos, um Dj e um engenheiro informático, todos de Coimbra, estão a caminho da Mongólia, integrados no The Mongol Rally 2010, uma prova organizada desde 2001 para angariar fundos para organizações não governamentais daquele país da Ásia Oriental.
São entre 15 mil a 18 mil quilómetros a percorrer a bordo de uma ambulância, com 20 anos, comprada aos Bombeiros Voluntários de Sever do Vouga.
É uma verdadeira aventura, com vários obstáculos pela frente, mas na bagagem os quatro amigos levam doses ilimitadas de boa-vontade e de espírito de sacrifício. O rally é um desafio, mas aqui não há competição. São todos vencedores, especialmente os beneficiários desta expedição solidária, que permitiu que entre 2004 e 2009 fossem doados cerca de 1,3 milhões de euros.
Ontem, pouco depois das 11h00 da manhã, a ambulância estacionou nas imediações da Praça da República, de onde partiu rumo a Barcelona.
Aí, Ricardo Trindade, André Mota e Rodrigo Lourenço juntaram-se a Gonçalo Pinto e durante o fim-de-semana, voltam a fazer-se à estrada. Depois de passar por Espanha, França, Alemanha, República Checa – onde todas as 400 equipas participantes se encontram -, Hungria, Roménia, Bulgária, Turquia, Irão, várias repúblicas da ex-União Soviética e Rússia, a equipa Agorafobic deverá chegar ao destino, Ulan Bator, na Mongólia, em finais de Agosto. Para trás, terão ficado inúmeros quilómetros de montanhas e deserto.

Viagem fica a 3 mil euros por pessoa - Com «os vistos todos contados», os quatro conimbricenses têm a viagem planeada, mas sabem que poderão acontecer sobressaltos e imprevistos. Se à partida o Irão até pode parecer o país mais complicado de passar, Ricardo Trindade - que também é actor e o único dos quatro a residir, actualmente, em Coimbra – desmistifica e adianta que a Mongólia e o imenso deserto têm sido uma batalha difícil para quem participa. Aliás, frisa, é lá que «90% das equipas desiste».
Mas, a desistência não segue na mente deste grupo, que prevê fazer uma média de 500/600 quilómetros por dia, numa ambulância que, para os seus 20 anos, «está bastante funcional», conforme revelou a revisão realizada há dias. Mesmo assim, se ela não aguentar, haverá uma alternativa, que pode passar por comprar outro carro durante a viagem, adianta o arquitecto.
E porquê uma ambulância? A equipa achou mais interessante viajar neste tipo de viatura, que depois será entregue directamente à Nadiesdha, uma ONG que apoia crianças orfãs. A maioria dos participantes viaja em veículos que depois serão leiloados, com os fundos a reverterem para instituições locais, sendo que todas as equipas estão obrigadas a angariar mil libras para beneficência.
Numa viagem que fica a cerca de três mil euros por pessoa, a importância dos patrocinadores ganha uma dimensão que os quatro amigos fazem questão de destacar, salientando cada um dos apoiantes: Wedo Technologies, Auto Ribeiro, Ford, Revigrés, Papabubble, Urbanos e A Casa Portuguesa.
Aos conimbricenses juntam-se Tiago Garrido e o espanhol Vítor Skogman, que saíram do Porto e passaram, durante a tarde, por Coimbra. Também eles vão a bordo de uma ambulância cedida por 150 euros pelos Bombeiros Voluntários de Barcelinhos.
Diário de Coimbra

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