Já surgiram empresas privadas a fazer cursos de condução de veículos de emergência, mas as corporações não podem pagar porque mal têm dinheiro para comprar equipamentos.
O Estado continua sem fornecer aos bombeiros das corporações da região cursos de condução de viaturas de emergência e os acidentes com viaturas de socorro sucedem-se.
Na quarta-feira, 18 de Novembro, uma ambulância dos Voluntários da Golegã chocou com um veículo pesado na Auto-Estrada 23, do qual resultaram ferimentos ligeiros num doente que estava a ser transportado e no seu acompanhante.
O desastre não teve as consequências graves que teve a colisão de uma ambulância de Azambuja há dois anos também com um pesado e que resultou na morte de um jovem bombeiro.
À falta de resposta da Escola Nacional de Bombeiros que apenas disponibiliza cursos de condução em todo-o-terreno, apareceram empresas privadas a promover cursos de condução em estrada. Mas as corporações, sobretudo as de voluntários, não têm dinheiro para pagar as acções de formação que são “caríssimas”, como refere o presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Santarém e comandante dos Voluntários de Constância, Adelino Gomes.
Por isso podem considerar-se sortudos os seis motoristas dos Bombeiros Municipais de Santarém (um dos corpos que tinha maior índice de acidentes até há pouco tempo), que tiveram acesso a um curso de condução defensiva que custou cerca de 5 mil euros pagos integralmente pela câmara municipal.
“Já tentámos que a Escola Nacional de Bombeiros (ENB) fizesse uma candidatura para obter financiamento para cursos deste tipo, mas têm-nos dito que estão a estudar o assunto”, revela Adelino Gomes, que considera esta formação “necessária” e “urgente”. Até porque, refere o comandante dos Voluntários de Azambuja, Pedro Cardoso, o facto “de se ter o curso não significa que deixem de existir acidentes, mas é muito menos provável que ocorram”. Pedro Lopes, que comanda os voluntários de Vila Franca de Xira, ainda se lembra do despiste de uma ambulância no ano passado. Por isso é mais um que se junta ao coro dos que pedem formação na área.
Em Junho de 2005, O MIRANTE já tinha denunciado a falta de formação dos bombeiros, enquanto os enfermeiros que conduzem as Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER), do Instituto Nacional de Emergência Médica, são sujeitos a cursos obrigatórios de condução defensiva. Nesse ano, entre vários acidentes com veículos de socorro, um provocou ferimentos em cinco bombeiros de Rio Maior. No primeiro trimestre de 2005 também se registou o despiste de duas ambulâncias dos Municipais de Santarém.
Todos os anos há problemas. Em 19 de Agosto último, uma viatura de combate a incêndios de Azambuja entrou em despiste ao quilómetro 26 da Estrada Nacional 366, em Aveiras de Baixo. Quatro operacionais ficaram feridos sem gravidade, mas o caso podia ter-se transformado em tragédia não fosse a perícia do motorista, que conseguiu evitar que o veículo batesse num muro e caísse para um declive. “Ando com o coração nas mãos quando temos que sair para situações de socorro”, desabafa o comandante da corporação.
Adelino Gomes quer deixar vincado que as corporações de bombeiros voluntários estão numa situação financeira difícil que não lhes permite pagarem cursos de empresas privadas. “Nem temos dinheiro para comprar equipamentos, quanto mais para acções de formação”, reforça Pedro Lopes. Isto apesar de, como diz o comandante operacional distrital de Santarém, Joaquim Chambel, ser uma prioridade tudo o que possa contribuir para o aumento da segurança.
Podem considerar-se sortudos os seis motoristas dos Bombeiros Municipais de Santarém que tiveram acesso a um curso de condução defensiva que custou cerca de 5 mil euros.
O Mirante
Sem comentários:
Enviar um comentário