É a mais recente “menina dos olhos” dos Bombeiros Voluntários de Penela e passou com distinção no primeiro teste. Falamos no novo atrelado BREC – Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas, o mais recente projecto em que a corporação se envolveu, com o objectivo de dar respostas eficazes em situações de catástrofe.
O projecto foi desenvolvido pela própria equipa dos Bombeiros de Penela, sob a orientação de um especialista na matéria, Alexandre Santos, dos Municipais da Figueira da Foz, que tem uma larga experiência e conhecimento na matéria. A equipa entusiasmou-se com o projecto e, no início do ano, de acordo com o comandante da corporação, António Lima, “meteu mãos à obra”, construindo o Atrelado BREC, «com base em modelos internacionais e em obediência às normas e exigências internacionais», refere ainda.
Depois de conseguido o atrelado, seguiu-se todo o processo tendente a equipá-lo. Isto porque se trata de uma estrutura que funciona como um verdadeiro “armazém”, capaz de dar resposta às mais diversas situações. António Lima sublinha a pertinência de um equipamento desta natureza em casos de desastre, como o que recentemente aconteceu com a cedência da estrutura de um poço, na zona da Lousã, que ditou a morte de um homem, ou casos como o desta semana, em Andorra, com o colapso de uma estrutura em construção que vitimou vários funcionários.
Seja equipamento para escoramento, seja para salvamento em altura, ou ainda material de corte, desencarceramento ou demolição ou outro, o atrelado tem disponível uma gama variada de material capaz de dar resposta às diferentes necessidades em matéria de socorro. «Estamos a equipá-lo», refere o comandante da corporação, sublinhando que os Voluntários de Penela já possuíam algum equipamento desta natureza, que têm vindo a canalizar para o atrelado, como é o caso das placas próprias para fazer o escoramento de valas, martelos pneumáticos, entre outros. Por outro lado, «todos os meses vamos comprando alguma coisa», diz ainda. Neste momento o investimento, de acordo com as contas de António Lima, deverá ultrapassar os cinco mil euros, mas muito ainda há a fazer.
A corporação conta, de resto, com a solidariedade local, uma vez que a Junta de Freguesia do Espinhal deverá, em breve, presentear a corporação com algum equipamento e também uma empresa do concelho já manifestou intenção de disponibilizar material destinado ao escoramento. Mais do que dádivas em dinheiro, esta é uma possibilidade que António Lima acarinha muito particularmente.
“Ao serviço de todos”
Aos sucessivos meses de preparação do equipamento, impôs-se, também, a preparação das equipas, também ela a dar, segundo o comandante, «os primeiros passos». Em causa estão 20 elementos com formação em resgate e salvamento em grande ângulo, aos quais se juntam 23 bombeiros que se estão a especializar na área de escoramento de valas e edifícios. Os primeiros são os “experts” da actuação em falésias ou ravinas, uma área que António Lima reputa de particularmente relevante, tendo em conta o próprio território do concelho de Penela, com destaque para a Serra do Espinhal, ou ainda a zona das grutas do Casmilo.
«Há zonas onde nem um helicóptero consegue chegar», alerta, apontando para o facto de a corporação ter também apostado na formação de dois elementos em espeleosocorro. Os segundos formandos são os especialistas de intervenção em casos de catástrofe que envolvam o desabamento de estruturas. «Começámos há dois anos a preparar o pessoal», refere o comandante, que aponta para a especificidade e exigência deste tipo de trabalho. «Temos de ser eficazes», enfatiza, prometendo «uma resposta pronta, sempre que seja necessário».
E a resposta, faz questão de dizer António Lima, não se limita à franja territorial do concelho de Penela. Bem pelo contrário. António Lima considera que o Atrelado BREC, sendo uma estrutura dinamizada pelos Voluntários de Penela, tem como propósito estar «ao serviço de todos, onde for preciso» e, por isso mesmo, também defende “parcerias” em termos de formação, de forma a que os elementos de outras corporações conheçam o equipamento e estejam aptos a funcionar com ele. Para isso é, todavia, necessário haver uma conjugação de esforços entre as várias instituições. Um passo que António Lima acredita será o próximo a ser dado.
Trata-se, pois, de uma visão global, de um «olhar para o distrito» em termos de criar respostas para situações mais complexas e exigentes em matéria de socorro. Estruturado desta forma organizada, o Atrelado da corporação de Penela será o primeiro do distrito, muito embora várias corporações possuam, de forma dispersa, equipamento vocacionado para este tipo de intervenção.
Meios técnicos e humanos aprovados com distinção
Máquinas e homens submeteram-se ao primeiro teste, numa operação desenvolvida no passado sábado, na localidade de Venda dos Moinhos. O objectivo foi operar no terreno e fazer uma análise da capacidade de resposta. E este primeiro exercício correu da melhor forma, na opinião do comandante. «Passou com distinção», diz, satisfeito, referindo-se em especial ao Atrelado BREC, embora considere necessário afinar um conjunto de «pequenos pormenores». Quanto ao pessoal de “serviço”, a análise feita pelo formador, Alexandre Santos, dos Bombeiros Municipais da Figueira da Foz, que também orientou os trabalhos no terreno, também se revela francamente positiva e eficaz.
O exercício, que procurou simular condições o mais próximas possíveis de uma situação em contexto real, envolveu 17 elementos da corporação de Voluntários de Penela, três dos Bombeiros de Condeixa e um de Montemor-o-Velho e um total de cinco viaturas.
A acção deste denominado Exercício de Campo LIVER Penela ´09, centrado na busca e resgate em estruturas colapsadas, teve início às 15h00, com o “briefing” das equipas, e as operações arrancaram no terreno às 16h30, terminando às 23h00, com a avaliação e análise.
Se este foi o primeiro teste, outros já estão marcados e, de acordo com o comandante António Lima serão feitos, de agora em diante, todos os meses. Nos inícios de Dezembro, o encontro está marcado para a zona da Serra do Espinhal e novo exercício já está agendado para os princípios de Janeiro.
Diário de Coimbra
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