sábado, 7 de novembro de 2009

Cientista e Protecção Civil Traçam Estratégias

O geólogo César Andrade diz que há um esquecimento do 'tsunami' de 1775 e que as atenções se centram apenas no sismo. Os estudos que estão a ser realizados podem ajudar a preparar planos para enfrentar novo desastre.
Quando se fala do terramoto de Lisboa de 1755, o geólogo César Andrade salienta que as pessoas têm a tendência para "se esquecerem" do maremoto. O desastre natural de Samatra, Indonésia, a 26 de Dezembro de 2004, mudou um pouco a mentalidade e com os estudos que têm vindo a ser feitos nos últimos dez anos, geólogos e geofísicos trabalham com a Protecção Civil para ajudar na preparação para um evento desta magnitude em Portugal.
"Houve uma adopção de critérios no que diz respeito, por exemplo, à construção, mas a pensar somente nos sismos. Não se lembram dos tsunamis. O que tentamos fazer é informar a Protecção Civil de, por exemplo, os locais mais vulneráveis, para que possam preparar-se", realçou o professor da Faculdade de Ciências de Lisboa.
Mas a população em geral só depois das imagens de Samatra - onde o tsunami matou mais de 200 mil pessoas - começou a ter a noção da realidade devastadora de um maremoto.
"Recordo-me de há uns anos ter sido feito um alerta de tsunami no Algarve. As autoridades cumpriram o trabalho de tentar afastar as pessoas da costa. Eu e uns colegas arrumámos o material e saímos da zona. Contudo, muitos foram os que nem da praia saíram ou colocaram-se em zonas pouco seguras porque queriam era assistir à vinda de um tsunami", relembra César Andrade. "Um maremoto como o de 1755 no Algarve a 1 de Agosto, por exemplo, seria uma catástrofe", diz.
Se fosse hoje, o geólogo acredita que seria diferente. "Passou a existir uma maior curiosidade", considera. As próprias escolas falam mais do assunto e o geólogo refere que tem feito várias palestras a alunos, a pedido dos professores. "Tem de haver o mínimo de educação", salienta.
Uma parte da conversa com os alunos passa pela forma como se pode perceber se haverá um tsunami. Sendo impossível prever, há que estar atentos aos sinais. "Primeiro, se houver um sismo de grande magnitude, é uma má ideia ir à costa.
Depois, se se verificar um recuo no mar, posteriormente virá a parede. As pessoas terão cerca de dez minutos, 15 talvez, para fugir. A única solução é fugir, pois, não se afastando... nem o Usain Bolt [recordista mundial dos 100 e 200 metros] consegue bater o mar", diz.
DN

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