quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Clima de Medo e Ameaças de Morte no Corpo de Bombeiros de Salvaterra de Magos

Vive-se um clima de tensão latente. Já houve ameaças de morte entre camaradas e existem profundas divisões internas. Jorge Afonso da Silva
A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) ordenou uma inspecção ao corpo de Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos. A confirmação foi feita a O MIRANTE pelo Comandante Distrital de Operações e Socorro, Joaquim Chambel, quando questionado sobre o ambiente de medo e de tensão que se vive no seio da corporação com ameaças de morte entre camaradas e profundas divisões internas.
Quando falou com o nosso jornal, na manhã desta terça-feira, 17 de Novembro, Joaquim Chambel encontrava-se nas instalações dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos acompanhado de elementos da ANPC de Lisboa, a fim de dar início à referida inspecção que deverá ficar concluída durante os próximos dias. Na ocasião, o responsável não adiantou mais informações dizendo apenas que a fiscalização “servirá para apurar o que se passa”.
A situação que se vive nos bombeiros foi denunciada a O MIRANTE, na segunda-feira anterior, por vários elementos da corporação – alguns no activo e com dezenas de anos de serviço – que facultaram os documentos e as queixas apresentadas por camaradas, onde relatam situações de ameaças de morte e outros problemas verificados no interior do quartel durante o período normal de serviço. Duas dessas queixas de ameaças de morte foram enviadas para a ANPC e para o Governo Civil de Santarém no início de Outubro último.
Os profissionais dizem ainda que se vive um clima de medo, repressão e que a qualquer momento o mal-estar e a divisão latente “podem provocar uma desgraça”. Confirmam que alguns bombeiros têm faltado ao serviço causando falhas no piquete. O nosso jornal sabe que os bombeiros de Benavente são regularmente chamados a efectuar serviços em zonas onde essa responsabilidade cabe à corporação de Salvaterra de Magos.
Os bombeiros ouvidos confirmam essa situação e lamentam que seja a população a mais prejudicada com tudo isto, uma vez que “muitas vezes as pessoas não são socorridas a tempo e horas porque não há meios nem homens disponíveis em Salvaterra”. Acusam o comandante e o presidente da corporação de passividade uma vez que têm conhecimento das situações mas que até agora nada fizeram para resolver os problemas.
“São problemas do foro interno do corpo de bombeiros que serão resolvidos internamente e que não irão passar para a praça pública”, responde o comandante dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos instado por O MIRANTE a pronunciar-se sobre a situação. Inicialmente, João Gomes, negou a existência das queixas de ameaça de morte mas quando confrontado com os documentos que comprovam o contrário, o responsável, visivelmente agastado com a situação, respondeu que “não confirma nem desmente”, adiantando que a operacionalidade da corporação não está a ser afectada por essa situação.
Já o presidente da corporação confirma a “insatisfação e o mal-estar de algumas facções” existentes no seio do corpo de bombeiros de Salvaterra de Magos mas assegura que não foi informado das queixas de ameaça de morte. António Malheiro foi informado em primeira-mão pelo nosso jornal de que a sua corporação estava a ser alvo de uma inspecção da ANPC. “A fiscalização vai averiguar o que se passa e só no final é que podemos dizer se está tudo bem. Mas acredito que sim”, garantiu o presidente na manhã de terça-feira, dia em que começou a ser feita a inspecção da ANPC ao corpo de Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos.
O Mirante

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