segunda-feira, 31 de maio de 2010

Dispositivo de combate a fogos arranca amanhã sob protesto

Os 28 corpos de bombeiros de Santarém decidiram não integrar, amanhã, o dispositivo especial de combate a fogos florestais, em protesto com a forma como foi decidido o adiamento da Fase Bravo. A Liga de Bombeiros admite problemas no fim do Verão.

A Fase Bravo de combate a incêndios - a segunda mais complexa, que envolve a participação de 6651 homens, 1528 viaturas e 34 meios aéreos - arranca amanhã, depois de a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) ter decidido adiar, em 15 dias, a entrada em vigor do dispositivo, invocando o desagravamento do perigo de incêndios florestais devido às condições meteorológicas.

Uma decisão "unilateral", comunicada "por sms" aos comandantes de bombeiros voluntários, a três dias da data agendada (15 de Maio) e que causou "indignação" nas estruturas associativas de bombeiros voluntários de todo o país, disse, ao JN, o presidente da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP), Duarte Caldeira, "solidário" com o protesto.

Embora a generalidade das federações tenha mostrado "desagrado" pela forma como a decisão foi tomada - quando os comandantes já tinham articulado com os comandos distritais o dispositivo e os bombeiros tirado férias e organizado as sua vidas para responder às necessidades - só a Federação de Bombeiros de Santarém decidiu lançar um "grito de revolta", anunciando que não irá integrar amanhã o dispositivo.

"Isto não vai continuar a ser assim. Os bombeiros não podem continuar a ser o trabalho barato que, quando não se quer, descarta-se", disse, ao JN, o comandante dos bombeiros voluntários de Constância e presidente da Federação de Santarém, que hoje apresenta em conferência de imprensa as justificações do protesto.

Defende um novo modelo de contratualização dos voluntários e um oficial de ligação com a ANPC, "para que situações destas não voltem a acontecer". Duarte Caldeira quer promover essa discussão, no final da época de fogos, e teme que esta decisão "mal ponderada" possa ter influência na composição das equipas até ao final do Verão, visto que os bombeiros tinham organizado a sua disponibilidade no pressuposto de que a época arrancava a 15 de Maio e não a 1 de Junho.

JN

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