O novo comandante reconhece que os bombeiros atravessam um “momento difícil”, devido não só à falta de disponibilidade de voluntários e profissionais para se dedicar àquela casa - o que, na opinião de Normando Oliveira, tem que ver com a própria conjuntura do país - mas também a uma série de medidas que têm sido tomadas e que, na sua ótica, “não estão a contribuir para a motivação do voluntariado”.
Normando Oliveira não assume que o Governo esteja a tentar acabar com o voluntariado, tal como o presidente da direção o disse na cerimónia da transferência do comando, mas defende a revisão do processo de voluntariado nos bombeiros. “Tem que ter características muito específicas”, explica. “São indivíduos que têm de estar 24 horas sobre 24 horas disponíveis e parece-me que não há o prémio por parte de alguém que tem obrigação de premiar essas pessoas”, concretiza.
Questionado sobre o que falta à corporação sanjoanense, Normando Oliveira volta a esta questão. “Felizmente temos um bom corpo de bombeiros mas é preciso ver a continuidade do voluntariado”, responde. “Parece-me que as pessoas hoje tendem a escolher outros locais para passar o seu tempo sem ser neste tipo de instituições”, acrescenta. O comandante está, no entanto, convencido que, com uma campanha de sensibilização, será possível motivar jovens para dar continuidade ao corpo.
Sobre o protocolo de ordem de resposta a socorro, que estará a ser contrariado pela corporação, como disse ao labor o anterior comandante David Aleixo, Normando Oliveira responde unicamente que o seu corpo de bombeiros “sempre se pautou pelo bem-estar dos sanjoanenses e vai continuar a fazê-lo”. O protocolo obriga os bombeiros a informar o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) antes de sair com a ambulância do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), mas a corporação sanjoanense tem-no feito só após a prestação de socorro. “O corpo de bombeiros existe para servir, temos as ferramentas para o fazer e vamos continuar a fazê-lo”, assumiu o novo comandante.
Normando Oliveira também não assume que o facto do seu pai ter sido dirigente dos bombeiros durante sete anos o deixe com uma sensibilidade mais apurada para lidar com os órgãos sociais. “A única coisa que tenho a dizer em relação ao meu pai é que, se calhar, foi ele que me meteu o bichinho dos bombeiros. Era com ele que eu vinha para as reuniões mas ficava na parte operacional”, recorda. Para o comandante, os objetivos do comando e da direção “tendem a ser comuns, que é o bem estar do corpo de bombeiros”, embora, “logicamente, uns tratam da parte financeira e administrativa e outros da operacional”. “Como operacional vou continuar a tentar ter o melhor possível para servir bem os sanjoanenses”, garante.
Há mais de 20 anos na corporação, Normando Oliveira foi promovido a adjunto do comando em 2001 e a 2.º comandante em 2006. Pensa que está a ser bem recebido pelos homens agora que é comandante - ou pelo menos está a tentar que assim seja - e garante que nunca trabalhou para este cargo. “Foi um processo natural”, justifica.
O futuro dirá se o comando será o fim da linha em termos de carreira para Normando Oliveira, de apenas 39 anos. “O que me importa neste momento é cumprir o que me propus, que é honrar os destinos dos bombeiros”, responde.
Jornal Labor
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