David Aleixo mostrou-se satisfeito com a passagem de sete estagiários a bombeiros de 3.ª e com a aquisição de duas novas viaturas: um Veículo Tático de Grande Capacidade (VTGC) e um Veículo Urbano de Combate a Incêndios (VUCI). “Acontecimentos muito importantes que nos envolvem em esperança relativamente ao futuro”, disse. “Confio sempre nos meus homens e com o reforço de recursos materiais a eficácia aumenta bastante”, acrescentou.
Agradeceu a Normando Oliveira ter aceite ser seu sucessor, enaltecendo os “conhecimentos” e a “vontade de servir com espírito de missão muito forte” deste como ingredientes para manter o corpo de bombeiros forte. “Um corpo de bombeiros coeso com sentido de missão. Este é o meu desejo e a melhor medalha que posso receber”, afirmou.
Seguiu agradecendo a Deus por nunca ter perdido nenhum homem e pedindo desculpa a vítimas cujo socorro “não tenha corrido da melhor forma”. Pediu também desculpa ao corpo de bombeiros por “momentos menos felizes” e agradeceu-lhes a dedicação. “Um comandante não faz nada sozinho”, justificou.
Agradeceu também a colaboração dos elementos do comando, dos órgãos sociais, das autoridades autárquicas e policiais, não esquecendo o comissário Carlos Duarte, entre outros, endereçando um agradecimento “mais sentido” às esposas dos bombeiros. “Sem o vosso apoio não é possível ser bombeiro”, afirmou.
David Aleixo assumiu-se igualmente grato pela Medalha de Mérito Municipal e atribuiu-a ao “trabalho dos bombeiros de S. João da Madeira”. “Esta medalha pertence a todos os homens que de forma voluntária sacrificam a sua vida pessoal e profissional em prol do bem comum”, concluiu.
Emoção na despedida - O presidente da direção manifestou “um sentimento de grande tristeza” com a saída de Aleixo, um homem que, disse, “sempre esteve ao nosso lado, para o bem e para o mal”.
Carlos Coelho reconheceu a existência de pontos de vista diferentes entre os dois, “o que acho perfeitamente normal”, acrescentou, garantindo que as relações de ambos “pautaram-se sempre por grande consideração e um enorme respeito mútuo”.
Reconheceu-lhe os “brilhantes e relevantes serviços” e afirmou ter sido “muito gratificante” trabalhar com ele. Desafiou-o ainda a continuar a participar ativamente na vida da associação, integrando os órgãos sociais da mesma. “Ela (a associação) não está em posição de emprateleirar pessoas com o seu valor”, concluiu.
O presidente da câmara municipal disse ter “admiração, carinho, respeito e gratidão” pelo comandante cessante, sublinhando a longevidade da sua carreira nos bombeiros. “Quase 50 anos. É uma vida”, exclamou.
Castro Almeida destacou a “competência” e o “profissionalismo” com que Aleixo terá executado as suas funções. “Temos que tirar o chapéu”, disse, “e sentirmo-nos muito pequeninos perante um homem com este impulso de dedicação à causa pública”.
O autarca considera que as pessoas que gostam de trabalhar para os outros devem ser enobrecidas, por maioria de razão quando se tratam de voluntárias. Por isso, a câmara decidiu atribuir-lhe a Medalha de Mérito Municipal em Ouro como “sinal máximo do reconhecimento dos sanjoanenses”.
O trabalho de David Aleixo foi ainda enaltecido pelo presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Aveiro, por Gomes da Costa, da Liga dos Bombeiros Portugueses e pelo novo comandante. Normando Oliveira descreveu o antecessor como um comandante “incansável, atento, ponderado” e disse muito ter aprendido com ele.
O Comandante Operacional Distrital foi quem se mostrou mais emocionado. A ele cabia-lhe a leitura do despacho de homologação de Normando Oliveira como novo comandante dos bombeiros de S. João da Madeira, que se viu obrigado a interromper por segundos devido à emoção.
David Aleixo recebeu do corpo ativo uma estatueta e um retrato seu pintado à mão como sinal de gratidão. Lembranças que, como confessou ao labor mais tarde, o deixaram muito comovido. Em entrevista, confessou ainda que não sabe como aguentou a cerimónia, devido à carga emotiva da mesma. Durante um ritual de duas horas, Aleixo só quebrou uma vez, quando terminou o discurso de despedida, abraçando-se de seguida ao presidente da direção Carlos Coelho.
Jornal Labor
Sem comentários:
Enviar um comentário