Presidente da Câmara, que já reuniu com o secretário de Estado da Protecção Civil, promete repensar investimento a efectuar caso o Governo decida retirar os aviões.
Depois de ter sido rejeitado pelo Governo para acolher a sede permanente da frota de 10 helicópteros da Protecção Civil, o Aeródromo Municipal de Seia corre o risco de vir a perder os meios aéreos pesados de combate a incêndios. Recorde-se que é aqui que ficam estacionados os dois aviões aerotanques pesados, anfíbios, que operam em Portugal durante os meses de Junho a Outubro.
O receio foi manifestado por Carlos Filipe Camelo, que reuniu recentemente com o secretário de Estado da Protecção Civil, Vasco Franco, com quem discutiu o futuro do Aeródromo, nomeadamente a sua utilização no período destinado ao combate a incêndios.
O presidente da Câmara Municipal referiu, na última reunião do Executivo, que a «decisão política» que o Governo tomou há cerca de três anos para a valorização das instalações do aeródromo de Ponte de Sôr, «nessas circunstâncias, quer queiramos quer não, veio a beliscar aquilo que é a funcionalidade e a predisposição da colocação [em Seia] de equipamentos, mormente os aviões pesados», enquanto decorre a operação de incêndios florestais.
De acordo com o autarca, a reunião teve como objectivo «sensibilizar» o Governo porque «se há um conjunto de questões que hoje são colocadas e que são mais-valias que o aeródromo de Ponte de Sôr tem relativamente ao nosso; o nosso tem um conjunto de outras mais-valias que aquele não tem, mormente no que diz respeito à pista e às condições de aterragem». Contudo, reconhece que “o concorrente” é superior em termos de logística.
Estas condições que são apresentadas por Ponte de Sôr «também poderão surgir a médio prazo em Seia», referiu o presidente da Câmara aos vereadores, que salientou a candidatura apresentada ao QREN para a construção de um edifício e de uma aerogare, tendo sido aprovada uma comparticipação de 50 por cento dos 800 mil euros a investir, estando as obras já adjudicadas à empresa Condop.
Investimento a repensar
Uma das mais-valias deste investimento, disse também o autarca, tem a ver com a criação e instalação no local do Centro Municipal de Operações de Socorro (CMOS), ficando assim dotado o aeródromo de componente logística para os Bombeiros e a Protecção Civil.«É evidente que um projecto destes, se eventualmente não houver condições para que o aeródromo possa ser utilizado às operações de fogos florestais, ou outras ligadas à protecção e socorro, há que equacionar se valerá a pena nós estarmos a fazer um investimento daquele montante num espaço como aquele» porque, disse, «nós temos necessidade de dinheiro noutras situações» e, portanto, «poderemos inverter aquilo que são as prioridades» que a Câmara tem.Filipe Camelo disse que «não é isso que é o desejável», prometendo que vai tentar inverter a situação, apesar de no próximo Verão «não teremos as condições que serão as desejáveis».
Já na última Assembleia Municipal, o autarca já tinha referido que estava em curso um «lobby muito forte dos pilotos para deslocar os meios aéreos pesados para outro local mais próximo de Lisboa», apesar de a pista de Ponte de Sôr «só tem condições» para receber aviões até 5.700 toneladas, enquanto que a de Seia «está habilitada» para receber aviões com 15.000 toneladas.
Vasco Franco deverá visitar infraestrutura em Fevereiro.
Não possuindo o secretário de Estado algumas informações «correctas» e «de acordo com a realidade» de Seia, Carlos Filipe Camelo fez ver a Vasco Franco que os dois aeródromos «podem ser complementares». Para verificar isso mesmo no terreno, o secretário de Estado deverá deslocar-se ao local no próximo mês de Fevereiro, no sentido de se «inteirar daquilo que é a realidade do nosso aeródromo», adianta.«Vamos serenamente, embora com a preocupação e com o empenho na decisão, aguardar a visita de Vasco Franco que assim poderá ver o que o aeródromo pode oferecer», frisou ao autarca.
O Plano de Desenvolvimento do Aeródromo Municipal de Seia contempla uma intervenção global no recinto, com duas pistas, a construção de um heliporto e de sete hangares para manutenção e apoio às aeronaves, a sinalização da pista, a placa de estacionamento e a estação meteorológica, equipamentos que vão custar à autarquia cerca de 3,5 milhões de euros.O Aeródromo de Seia, a única pista de aviação existente no Distrito da Guarda, é praticamente em exclusivo utilizado pelos meios aéreos envolvidos no combate a incêndios florestais, mas a anterior Câmara, presidida por Eduardo Brito, prometeu abri-lo à aviação civil, principalmente para voos turísticos.
Exercício militar no Aeródromo
Como prova de que o Aeródromo de Seia tem condições para receber aviões pesados e de grande porte, o Ministério da Defesa Nacional e a Força Aérea Portuguesa vão levar a efeito o exercício “Real Thaw 10”, de 25 de Janeiro a 5 de Fevereiro.
À semelhança do ano passado, o exercício que foi planeado pelo Comando Operacional da Força Aérea e executado a partir da Esquadra 301, da Base Aérea de Monte Real, deverá envolver os aviões F16, os Aviocar e os helicópteros Allouette III, simulando um cenário de guerra, que em Fevereiro de 2009 foi semelhante ao que os militares poderiam encontrar no Afeganistão.
Porta da Estrela
Não percebo é porque se esta a fazer um investimento em Ponte de Sor, se depois e para manter as coisas tal como estão. De facto não á deficit que resista a esta gente.
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