segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Plano de Socorro na Serra da Estrela Não Prevê Acidentes Aquáticos

Teste mostra fragilidades na assistência de emergência a grande altitude.

O risco de acidente aquático não foi previsto no novo Plano de Operações Nacional para a serra da Estrela, que entrou em vigor a 22 de Dezembro. Uma vulnerabilidade detectada ontem durante um exercício de mergulhadores, na lagoa Comprida e que serviu para testar a articulação entre as várias forças de socorro que operam naquela que é a montanha mais alta de Portugal. No Inverno, lagoas, barragens e rios gelam à superfície e ficam cobertos de neve. Para os milhares de turistas que demandam a serra constituem apenas mais um local com neve, mas o perigo de alguém cair é real.

O dia acaba de nascer e já uma força de socorro galga a montanha. No Sabugueiro, lotada com os turistas que se deslocaram para as festividades de fim de ano, o termómetro marca quatro graus e os operacionais não reclamam do frio. Equipados com vestuário apropriado para as baixas temperaturas, a Força Especial de Bombeiros (FEB) e o Grupo de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR convergem para a lagoa Comprida, um dos muitos espelhos de água que abundam na serra. Segue também uma equipa de mergulhadores de Viseu - a que está mais próxima da Estrela e que ainda assim precisa de hora e meia para deslocar homens e equipamentos.

Na serra da Estrela tem havido alguns resgates em meio aquático e os exercícios "servem para testar o comportamento dos homens e do material à altitude e ao frio", explica José Teixeira, o chefe da equipa de mergulhadores. A Estrela "tem uma meteorologia instável, ora nevoeiros que surgem de repente ora ventos cruzados e nem sempre podemos contar com o helicóptero", diz Serafim Barata, comandante dos Bombeiros de S. Romão.

Cada mergulhador é então sujeito ao esforço de transportar 30 quilos de material às costas, com o ar rarefeito, enquanto o equipamento mais pesado segue numa moto quatro. A 1500 metros de altitude, na lagoa Comprida, um dos muitos espelhos de água da serra, estão dois graus negativos e surgem os primeiros problemas. (*) O comando de Operações de Socorro da Guarda desconhece a onde está a câmara hiperbárica mais próxima. A localização deste equipamento "é de crucial importância. É que "o mergulho em altitude obriga a uma progressão de nove metros por minuto e a uma menor permanência na água", diz José Teixeira.

Na serra "tem havido poucos acidentes nas águas", diz o sargento Carlos Fernandes, que comanda a Brigada de Montanha do GIPS. "Na barragem da Torre, que alimenta os canhões de neve da estância de esqui, a água por vezes congela e as pessoas, quando nos apercebemos, já passeiam lá por cima como se fosse uma qualquer zona de neve", diz o militar. Também o comandante dos bombeiros reconhece que "têm havido alguns abusos nas barragens".

Na água estão 40 e as duas equipas de mergulhadores, que dispõem de um inovador sistema de comunicações subaquático, informam terem localizado o corpo "do caminheiro perdido". Em terra, GIPS e FEB dão o exercício como concluído e preparam-se para alertar as respectivas hierarquias. "É necessário, nos dias de maior afluência, guarnecer a serra com uma equipa de resgate subaquático. A equipa mais próxima está a mais de uma hora e esse é o tempo limite para manter um sinistrado em suporte básico de vida", diz o chefe dos mergulhadores.

Amadeu Araújo / DN

(*) O bombeirospontopt sabe por fonte oficial que, a câmara hiperbárica mais próxima da Serra da Estrela encontra-se no Hospital de Pedro Hispano, em Matosinhos - Porto, e mais duas no Hospital da Marinha em Lisboa.

3 comentários:

  1. O jornalista sabe, de fonte oficialissima porque esteve lá a tirar um curso, que a Marinha tem uma câmara hiperbárica movel apta a ser transportada por navio, avião ou heli ou por via rodoviária. Que importa isso se quem devia saber não sabe?

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  2. Apoiado Sr. Jornalista também lhe dou razão. O mais caricato nesta história e em muitas outras idênticas é facto de que são estes homens que coordenam todos os corpos de bombeiros, feb, protec. civil e etc..

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  3. "Correio da Manha

    INDISPOSIÇÃO

    Um mergulhador sentiu-se mal após ter realizado um mergulho e foi assistido por socorristas no posto de comando."

    Agora procuro porque será que isto aconteceu?
    -Será que foi por falta de condições de segurança?
    -Falta de experiencia em águas gélidas?
    - Ou porque vieram com velocidade demasiada, sinalização sonora e luminosa, marcha de urgência para uma instrução que se ia tornando real?

    Um abraço de um bombeiro inculto na área do mergulho.

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