quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Bombeiros Treinaram em Água a Zero Graus na Lagoa Comprida (Serra da Estrela)

Um homem desapareceu de madrugada durante uma caminhada na serra da Estrela e caiu para a barragem da Lagoa Comprida. A GNR pediu ajuda a bombeiros mergulhadores para resgatar o corpo do fundo da água gelada – a temperatura da água estava pouco acima dos zero graus; a do ambiente era de seis negativos.

Foi este o cenário elaborado pelos mergulhadores dos Bombeiros Voluntários de Viseu para testar o socorro de vítimas em condições de extrema adversidade. E as condições climatéricas não podiam ser piores: estava muito vento e nevoeiro, além da água e ambiente gelados.

Resgatar um corpo nas profundidades de uma barragem requer "muito cuidado" pelos mergulhadores. Antes de entrarem para a água, têm de testar o fato de mergulho e os sistemas de oxigénio e de comunicação. Sempre em grupos de dois, os bombeiros efectuaram vários mergulhos a 10 e 15 metros de profundidade. "Respirem calmamente sem fazer apneias", aconselhou José Luís Teixeira, chefe dos mergulhadores, alertando os socorristas que estavam a trabalhar a 1600 metros de altitude.

Após várias tentativas, os mergulhadores acabaram por encontrar a ‘vítima’, que estava presa em ramos de árvores. José Teixeira referiu que o exercício teve como finalidade "testar o equipamento de mergulho" e também "os procedimentos e comunicações entre as entidades" envolvidas nas acções de socorro na serra da Estrela.

50 RESGATADOS EM DEZEMBRO

No passado mês de Dezembro, o Grupo de Montanha da GNR e os bombeiros resgataram 50 pessoas que se perderam durante caminhadas ou desafiaram a natureza na serra da Estrela. Além de dois grupos de escuteiros da zona de Lisboa, a situação mais complicada envolveu um grupo de chineses que foram para a Torre de táxi e ficaram encurralados por um nevão, que os desorientou. "As pessoas vêm para a serra e arriscam a própria vida. Em Dezembro tivemos de acudir a situações muito complicadas mas felizmente tudo acabou em bem", referiu ontem ao CM o sargento Carlos Fernandes, comandante do Grupo de Montanha da GNR, sediado na Torre. Para Serafim Barata, comandante dos Bombeiros de São Romão, Seia, a serra da Estrela comporta muitos perigos. "As condições climatéricas mudam em poucos minutos e põem em perigo as pessoas".

TORRE NÃO TEM MERGULHADORES DE PREVENÇÃO

No plano de socorro implementado na Torre não está incluída a presença de nenhuma equipa de bombeiros mergulhadores, uma falha muito comentada até porque na zona existem muitas barragens e represas. A GNR chamou à atenção que existe uma represa junto às pistas de esqui que congela e é aproveitada pelas pessoas como uma pista de gelo. "Eu já lá vi pessoas a fazer piões com carros", disse um elemento da Força Especial de Bombeiros. Como os bombeiros mergulhadores mais perto da serra da Estrela são os de Viseu, e ficam a mais de uma hora de distância, vai ser solicitada à Protecção Civil a possibilidade de a Torre poder contar em permanência com uma equipa.

PORMENORES
CORPO AGUENTA 1 HORA
Uma pessoa que se afoga em águas frias pode sobreviver até uma hora depois do acidente. "Há cem por cento de probabilidades de ser reanimada com sucesso", adiantaram os mergulhadores.
HELI DEMORA UMA HORA
Em caso de necessidade de um meio aéreo para retirar a vítima, o helicóptero mais perto está estacionado na base de Santa Comba Dão e demora uma hora a chegar à serra da Estrela.
INDISPOSIÇÃO
Um mergulhador sentiu-se mal após ter realizado um mergulho e foi assistido por socorristas no posto de comando.
MEIOS
Participaram no exercício mergulhadores, bombeiros e militares da GNR, com seis viaturas.

CM

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