Quem reside, trabalha e apanha o comboio junto à fachada do antigo edifício dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira, teme pela sua segurança. O que resta do edifício, situado junto à estação de comboios da cidade, está em avançado estado de degradação e abandono. Além disso as chuvas recentes que se abateram sobre a cidade fizeram abrir novas brechas na estrutura que levantam dúvidas quanto à estabilidade da fachada.
Os moradores contam que, no dia de natal, um pedaço da caleira soltou-se e caiu sobre a estrada. “Por sorte era feriado e isto estava vazio”, recordam a O MIRANTE. A passagem frequente de pessoas no local, que tem uma vedação em mau estado, também faz elevar o nível de preocupação. No Inverno o parque de estacionamento provisório criado pela Junta de Freguesia transforma-se num lamaçal, levando muitos utentes do comboio a tentar deixar as suas viaturas nas estradas. A solução encontrada por muitos passa por deixar os carros mesmo debaixo da fachada, local que as autoridades desaconselham. “Eu tenho medo mas não tenho hipótese. Entre arriscar ou chegar ao escritório toda enlameada prefiro arriscar”, refere Rute Martins a O MIRANTE.
Entre os comerciantes existe o medo de derrocada mas também há quem goste da fachada. “É um símbolo da Póvoa de Santa Iria e acho que deviam mantê-la. Mas também partilho da opinião de que mais vale arranjar ou deitar abaixo. Isto assim não é nada”, desabafa Pedro Reis, comerciante.
O presidente da Junta de Freguesia da Póvoa de Santa Iria, Jorge Ribeiro, explica que a fachada “não corre o risco de se desmoronar” e que a sua recuperação está contemplada no projecto de construção do futuro terminal rodo-ferroviário da cidade, que insiste em não sair do papel por dificuldades na obtenção de financiamento.
“Existe quem queira derrubar a fachada mas nós queremos mantê-la porque é uma marca da identidade histórica da Póvoa. Até ao momento ela não representa um perigo. Queremos preservar a fachada porque ainda antes de ser o quartel dos bombeiros foi uma importante padaria que chegava a exportar os seus produtos para Lisboa através da linha de comboio”, recorda.
O autarca adianta que a fachada foi reconhecida por historiadores como “um ícone da arquitectura industrial do início do século XX” e que tem um painel de azulejos de forte relevância, “que está protegido e coberto com uma massa até à futura intervenção”. Já o mesmo não pode ser dito de algumas paredes e dos portões da fachada, que se encontram decorados com grafites. O terreno onde a fachada se encontra é propriedade privada.
O Mirante
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