O incêndio que destruiu uma casa e fez dois desalojados, anteontem, domingo, em Viseu, teve um herói: Fábio Bento. Um rapaz de 17 anos que teve de recorrer à força para salvar um casal de idosos. Mas que já não pôde evitar a explosão de gás que feriu dois bombeiros.
"Ele ainda tentou voltar lá dentro para tirar a botija. Mas já não teve tempo. O fogo tinha-se espalhado e seria loucura fazê-lo naquelas circunstâncias", explica Jorge Antunes, comandante dos Bombeiros Municipais de Viseu.
Fábio Bento simplifica o gesto corajoso, elogiado na aldeia de Corvos-à-Nogueira, em Santos Evos, dizendo que fez "o que qualquer outro faria". "A senhora Palmira estava ajoelhada no quarto com tudo a arder à sua volta. Chorava pela sua casinha. Tive de a tirar à força para a rua. O homem dela, que já estava a sair, quis voltar lá para dentro por causa do gás. Consegui com a ajuda do meu pai pô-lo também a salvo", relata o rapaz.
"O incêndio começou por volta da meia noite de domingo provocado por sobreaquecimento de um fogão a lenha. O rescaldo foi dado por concluído às primeiras horas da manhã", explicou o comandante dos Municipais.
As chamas destruíram a casa, construída em tabique, e fizeram três vítimas: os bombeiros Luís Ferreira e Fernando Pires Pereira, atingidos pelo impacto da explosão, e Joaquim Bento, pai de Fábio, levado ao Hospital de S. Teotónio em estado de choque.
"A botija de gás fez um buraco no soalho e foi cair à cave no momento da explosão. O Fernando Pereira, que estava à entrada da casa, foi apanhado em cheio e projectado
Sofreu traumatismo da coluna vertebral e surdez momentânea. O colega Luís Ferreira, que estava na parte de cima, fez luxação da clavícula direita e um corte na orelha", explicou Jorge Antunes. Os três homens tiveram alta hospitalar durante o dia de ontem.
Casal acolhido por familiares
José Marques da Costa, de 84 anos, e a mulher Palmira Almeida Cunha, de 76, foram acolhidos pela filha Anabela Pereira. Os familiares prometem fazer tudo para ajudar o casal a pôr novamente de pé a humilde habitação.
"Vamos pedir ajuda à Junta de Freguesia de Santos Evos e à Câmara de Viseu", anuncia outro elemento da família.
"Eles preferiam morrer a sair da sua casa. Já basta terem perdido tudo quando vieram de Angola em 1974. O povo vai pedir esmolas para apoiar a reconstrução", promete uma vizinha.
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