terça-feira, 29 de junho de 2010

UTAD pioneira na investigação de incêndios florestais

Mesa de queima» permite desenvolver modelos matemáticos de propagação de fogos.
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) dispõe de um Grupo de Fogos Florestais que é pioneiro a nível internacional na investigação dos incêndios florestais e desenvolve trabalhos relacionados com a prevenção, o uso do fogo controlado e o contra fogo.

Actualmente, este grupo está a estudar o comportamento dos incêndios numa "mesa de queima", onde são recriados fogos e os factores que condicionam a sua propagação no terreno, nomeadamente os declives ou os ventos.
Nesta grande mesa, com uma dimensão de cinco por três metros, são colocados combustíveis, por exemplo, agulhas dos pinheiros que são postos a arder. Enquanto isso, o declive dos terrenos é simulado através de um sistema hidráulico ao lado de uma outra máquina que simula as ignições de vento.

O objectivo deste mecanismo é controlar os factores que podem ajudar na propagação dos incêndios, sendo “muito importante” para a investigação dos incêndios na medida em que permite conhecer o tipo de materiais que vai arder - combustível -, fazer o estudo das suas características e da sua inflamabilidade, assegura Hermínio Botelho, um dos três investigadores do Grupo de Fogos Florestais da UTAD.

De acordo com o investigador, esta técnica permite desenvolver modelos matemáticos de propagação que depois auxiliam na criação de métodos como um sistema informático que possibilita a qualquer técnico fazer uma simulação dos feitos e comportamento do fogo quando se está a preparar um plano de queima.

Técnica do fogo controlado

Fogo controlado num pinhal
Fogo controlado num pinhal
Em declarações à agência Lusa, Hermínio Botelho referiu que o primeiro projecto de dimensão europeia relacionado com os incêndios arrancou em 1983 na UTAD, numa altura em que “era preciso arranjar soluções” para os incêndios que começavam a ter uma grande dimensão, nomeadamente devido ao abandono da agricultura e da desertificação do meio rural. Desde essa altura que o Grupo de Fogos Florestais desenvolveu 32 projectos de investigação.

Uma das principais linhas de investigação foi o uso da técnica de fogo controlado, explicou. Este fogo, feito de forma controlada mediante condições de temperatura e humidade adequadas (Inverno), consome o material combustível de forma a evitar a progressão das chamas em caso de incêndio. Para além de ser uma “técnica barata e ecologicamente interessante”, a cinza resultante dos fogos serve ainda de fertilizante para os solos.

Agora este grupo vai investigar a utilização do fogo controlado em povoamentos de eucaliptos, que têm também uma perigosidade de incêndio bastante grande e custos de tratamento, a chamada limpeza, muito elevados.

Liderança na investigação de incêndios

Além disso, devido à propagação da problemática dos incêndios ao norte da Europa, a UTAD começou a dar formação ou fazer demonstrações a cientistas, técnicos ou bombeiros de países como a Suécia, Noruega, Dinamarca, Alemanha, Inglaterra e Holanda e de alguns países de leste europeu, que estão a incrementar programas e estudos sobre o uso do fogo controlado.

Laboratório do Grupo de Fogos  está sediado no edifício das Ciências Florestais da UTAD
Laboratório do Grupo de Fogos está sediado no edifício das Ciências Florestais da UTAD
O grupo ajudou também à criação, formação e acompanhamento das equipas de "fogos tácticos", em que se utiliza o contra fogo como uma das formas de combater um incêndio. Nos últimos anos foram criados os Grupos Autónomos de Utilização do Fogo (GAUF), que têm como objectivo prestar apoio técnico à Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) em grandes incêndios, em fases de ataque ampliado e em apoio à gestão do fogo.

A UTAD liderou ainda o Fire Paradox (Paradoxo do Fogo), um projecto de pesquisa dirigido por Portugal e que se debruça não só sobre os aspectos técnicos, mas também sobre questões sociais relacionadas com os fogos.
ciênciahoje.pt

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