terça-feira, 15 de junho de 2010

Carro todo-o-terreno apaga fogos urbanos em Avintes

É com vontade, mas com muito espírito de sacrifício que os Bombeiros Voluntários de Avintes dão resposta aos pedidos de emergência. Faltam recursos humanos e materiais naquele quartel que aguarda pela aprovação de uma candidatura a fundos comunitários para ser ampliado.

As viaturas disponíveis são poucas, antigas e não estão adaptadas às necessidades. “Apagamos fogos urbanos com um carro de combate a incêndios florestais”, exemplifica o comandante José Araújo. A viatura leva 4500 litros de água, – “isso não falta” – mas é grande demais e anda devagar na estrada. “Atrasa a nossa chegada aos incêndios”, completa o adjunto do comando, António Santos.

O interior do veículo teve de ser adaptado para receber o equipamento e as máscaras dos bombeiros para o combate às chamas em locais fechados. “Estamos à espera de um carro de incêndios urbanos há mais de dois anos. Está prometido”, diz o comandante, enquanto encolhe os ombros. Falta também um veículo para desencarcerar vítimas de acidentes de viação. O carro actual é uma ambulância da década de 80 adaptada e com material obsoleto.

A corporação, a penúltima a ser criada em Gaia, cobre as freguesias de Avintes, Oliveira do Douro e Vilar de Andorinho. Naquela área vivem cerca de 60 mil pessoas, há zonas florestais, há zonas densamente urbanizadas como Vila d’Este, há zonas históricas com ruelas estreitas e de díficil acesso, há estradas perigosas e quatro praias fluviais que não são reconhecidas e, portanto, sem vigilância. “Temos um pouco de tudo”, sorri o comandante.

O que falta mesmo são meios humanos e materiais. “Precisava de ter 25 bombeiros todos os dias, entre as 7 e as 21 horas, mas só podemos pagar a 19. “Se uma equipa estiver fora e tiver de sair outra é complicado”, diz José Araújo. De noite e aos fins-de-semana sobram bombeiros. À semana, de dia, é mais difícil.

Militar aposentado, José Araújo, 50 anos, chegou ao comando dos Voluntários de Avintes no final do ano passado. Era sargento ajudante de pára-quedista e esteve na Bósnia durante seis meses numa missão “complicada”. Não caiu de pára-quedas na corporação porque já pertencia ao conselho fiscal e encontra algumas semelhanças entre a estrutura militar e a dos bombeiros. “Há uma hierarquia e uma disciplina. O comandante decide sozinho e se houver erro não pode distribuir culpas com ninguém”. José Araújo não gosta que lhe desejem sorte “porque os bombeiros só são precisos quando há azar.

JN

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