quarta-feira, 2 de junho de 2010

Bombeiros Voluntários de Loures: Tragédias e "milagres" em mais de um século

Cinco horas de chuva torrencial provocaram, em 1967, as maiores cheias de que há memória na Grande Lisboa. Dos mais de 700 mortos na sequência da catástrofe, 53 eram da zona servida pelos Bombeiros Voluntários de Loures (BVL), que viveram, naquela altura, os dias mais negros dos seus 124 anos de história.

Mas na memória de alguns dos membros mais antigos da corporação, como o comandante Ângelo Simões e o adjunto de comando Acácio Severino, estão também as inundações de 1983.

"As cheias ainda foram maiores do que as de 1983, mas morreu menos gente porque as casas já tinham outra qualidade e os meios de socorro eram muito mais avançados", recorda Acácio Severino.

O incêndio num centro comercial na sequência de uma explosão, o resgate de cinco bombeiros que por pouco não ficaram presos numa conduta de água e um acidente numa ambulância que fez com que um bombeiro perdesse um braço foram outros dos momentos mais dramáticos da história recente da corporação.

No entanto, os homens da corporação também têm histórias reconfortantes que os motivam e ajudam a alimentar o "bichinho" dos bombeiros, como gostam de dizer. É o caso do salvamento de uma mulher que estava no fundo de um poço e que valeu ao subchefe Jorge Sá o prémio de mérito nacional (ver caixa).

Acácio Severino recorda também uma história curiosa envolvendo o resgate de uma menina num incêndio. A jovem ficou tão grata aos BVL que ingressou na corporação alguns anos depois e foi agradecer ao adjunto de comando.

Ângelo Simões é o orgulhoso comandante de um corpo de bombeiros que, nas suas palavras, "é sempre apontado pela sua eficácia e pela sua gestão". A mais recente prova disso é o facto de os BVL serem das poucas corporações do país que já implementaram o recente sistema de avaliação.

"Apesar de o processo ter falhas, tem sido espectacular. Evita favoritismos e faz com que todos tenham de cumprir as suas obrigações em pé de igualdade", diz o comandante.

Actualmente, a corporação conta com cerca de 120 elementos, dos quais 30 e poucos são mulheres. E mais de metade dos 40 jovens que fazem formação nos BVL são do sexo feminino. Para Ângelo Simões, a chegada das mulheres ao quartel só trouxe benefícios.

"A primeira vantagem foi que a linguagem utilizada começou logo a melhorar", recorda. Outra das consequências da entrada das mulheres nos bombeiros foi o aparecimento de namoros no quartel - alguns até já deram em casamento.

JN

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