Os bombeiros estão a abandonar as equipas de combate aos fogos, revoltados com a forma como estas estão a ser formadas. Oficialmente as justificações são a falta de inscrições, mas está subjacente o desprezo a que os bombeiros são votados.
O arranque da fase "Bravo" - a segunda mais importante de prevenção de incêndios - começou sem a participação de várias corporações no Dispositivo de Combate a Incêndios Florestais (DECIF). Em Oliveira de Frades, no distrito de Viseu, "não há equipa de combate a incêndios nascentes" (ECIN), garantiu ao DN o comandante. A solução passa por "tocar a sirene e formar as guarnições com base nos voluntários", adiantou Fernando Farreca.
O graduado justificou, com ironia, a não constituição da equipa com o facto de "não haver desemprego no concelho". Por 42 euros, os voluntários são obrigados a prestar 24 horas de serviço que constituem a primeira intervenção contra os fogos florestais.
Mas a baixa remuneração, que apesar de contestada é aceite, não é a única culpada da falta de resposta dos bombeiros à constituição do DECIF. Em causa estão também as valências "que estão a ser criadas no Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro, da GNR, que são uma sobreposição da missão dos corpos de bombeiros, já existentes no País", afirmou, segunda-feira, o presidente da Liga dos Bombeiros.
Duarte Caldeira apontou o "investimento numa força de segurança, que tem dificuldades no dispositivo territorial, e que duplica funções que já estão atribuídas aos bombeiros".
Em Alcoentre, no distrito de Lisboa, também não há ECIN. O comandante Jacinto Abreu explicou com "dificuldades no recrutamento" a ausência de entrada em funções da equipa. Apesar disso, Jacinto Abreu garantiu que o socorro está a ser prestado através do "recurso aos voluntários".
Em Santarém também há protestos. Em conferência de imprensa, o presidente da Federação de Bombeiros, Adelino Gomes, acusou a Protecção Civil de "não defender os bombeiros" e avançou com a criação de um grupo de trabalho para "propor alterações à forma como é feita a contratualização e exigir mudanças na estrutura da Protecção Civil", disse Adelino Gomes.
Em todo o País as fragilidades na constituição das equipas são evidentes e "foram dadas ordens para aumentar o grau de fiscalização", assumiu ao DN um responsável da Protecção Civil.
Nos últimos anos, o GIPS e a Força Especial de Bombeiros têm garantido uma fatia importante do combate aos fogos florestais, mas ainda em finais de Maio, num grande incêndio florestal em Albergaria-à-Velha, as operações foram feitas só com recurso a voluntários.
Este ano arderam 2425 hectares, dois terços dos quais nos distritos de Viana do Castelo e Braga, revelam os dados provisórios da Autoridade Florestal Nacional (AFN). A área ardida - da qual 544 hectares foram povoamentos e 1881 hectares de mato - é muito inferior à queimada no ano passado no mesmo período: 16 500 hectares. E corresponde também a menos 65% do que a média da última década.
Na fase "Bravo", que se prolonga até ao final do mês, o DECIF conta com 6651 operacionais, 1528 viaturas e 34 meios aéreos a que se juntam 70 postos de vigia.
Amadeu Araújo/DN
Só acho que estamos a esquecer o mais importante disto tudo...
ResponderEliminarQue é evitar repetir a calamidade dos anos 2003 e 2005... em que os nossos noticiários, durante semanas a fio, abriam com enormes incêndios por todo o país...
Não percebo porque se olha para a galinha da vizinha, quando o principal objectivo destas acções... é o bem estar de todos e evitar a destruição dos nossos espaços verdes...
Um bem haja para todos os profissionais que tanto sacrificam o seu bem estar, para o bem estar dos outros. No mínimo, que corra como o ano passado, já não é mau, e que ninguém se magoe nem se percam vidas.