Bastaram três dias de calor, na semana passada, para que os bombeiros enfrentassem, de novo, os fogos florestais e os helicópteros Kamov de combate aos incêndios voltassem a sobrevoar os céus de Portugal.
Não sei avaliar quais as dificuldades que os “soldados da paz” sentem ao enfrentar tão poderoso inimigo, nem a suficiência dos meios por eles utilizados. Mas sei que se aproxima um Verão difícil e que vou voltar a ouvir, da boca de bombeiros amigos, uma expressão preocupante: «lá vou regressar ao inferno».
A mesma preocupação que encontro nas palavras do vice-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses quando afirmou, no último sábado, que «esperam há cinco anos pela renovação das viaturas prometidas pelo Estado», já que as corporações não têm meios financeiros «para investir 150 ou 200 mil euros numa viatura de combate a incêndios». Mas faltarão apenas as viaturas?
Sem o equipamento adequado, e quantas vezes obsoleto, pergunto como poderão os bombeiros portugueses estar preparados para esta nova época de incêndios, sabendo que não lhes basta apenas a formação.
Jamais poderia pôr em causa a sua capacidade, mas voltando às palavras do vice-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, não posso deixar de me preocupar ainda mais quando afirma que «se formos às estatísticas da Autoridade Nacional de Protecção Civil, vemos quem é que às quatro da manhã está a combater incêndios: só bombeiros voluntários, rigorosamente mais ninguém». Onde é que, de madrugada, estão os outros bombeiros, sapadores ou municipais?
No dizer dos especialistas, o chuvoso Inverno que tivemos levou ao crescimento da vegetação nas matas e florestas, o que pode originar um aumento significativo de ignições. Por isso, questiono também se os quase sete mil efectivos anunciados pelo secretário de Estado da Protecção Civil serão suficientes para a época mais crítica de fogos, balizada entre Julho e Setembro…
É preciso não esquecer que além de todos os meios que o Estado possa dispensar para o combate aos incêndios, os bombeiros precisam de um forte aliado: o cidadão comum. Que deve ser alertado contra o uso negligente do fogo.
Diário do Minho
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