Falhas na formação dos condutores e na manutenção das viaturas podem ser a causa.
Está a agravar-se o número de acidentes envolvendo ambulâncias. No ano passado ocorreram 119 desastres com vítimas, o que representa um aumento de 19 casos em relação a 2008.
Segundo dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), o número de feridos ligeiros passou de 158 para 204. Os feridos graves aumentaram de sete para nove.
Verificou-se, porém, uma diminuição no número de mortes. Em 2009 houve uma vítima mortal, quando, no ano anterior, tinham sido registados três óbitos.
De acordo com a ANSR, os arruamentos (60) e as estradas nacionais (31) são as vias onde se verificam mais sinistros envolvendo viaturas de emergência. Lisboa (32), Porto (18) e Setúbal (12) foram os distritos onde, em 2009, ocorreu o maior número de casos.
Ainda na semana passada houve registo de, pelo menos, três acidentes envolvendo ambulâncias. Esta situação preocupa o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Duarte Caldeira, que acredita que a elevada taxa de sinistralidade se deve ao excesso de trabalho dos bombeiros: «As ambulâncias de socorro fazem 750 mil serviços por ano; as de transporte de doentes chegam a um milhão e duzentos mil serviços por ano. Os acidentes devem-se ao elevado número de serviços que fazem», assevera.
Essa ideia é contrariada pelo presidente da Associação de Técnicos de Emergência Médica Pré-Hospitalar (ATEMPH) Nélson Baptista: «Por que houve um aumento de acidentes? Por haver um aumento de transportes? Não. O que há é irresponsabilidade na atribuição de cartas de condução».
Para Nélson Baptista, a solução passa pela «alteração na legislação, ao nível da atribuição, sem critério, de carta de condução de classe C, por parte do IMTT». «A atribuição da carta é um processo meramente administrativo, sem avaliação psicotécnica», sublinha.
Recorde-se que para a condução de ambulância, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT) exige apenas, aos condutores, que sejam titulares de carta de condução com averbamento da categoria de veículos que pretendem conduzir - categoria B ou C – e também o averbamento do Grupo 2.
Para o presidente da ATEMPH, é essencial «traçar um perfil psicológico e de experiência do condutor» e integrar o bombeiro, de forma gradual, no contacto com a condução de uma ambulância. Nélson Baptista sugere que o bombeiro mais novo, inicialmente, deva acompanhar um colega mais experiente, conduzindo o veículo apenas no regresso do serviço.
Nélson Baptista aponta ainda o dedo «à má fiscalização dos veículos» e denuncia haver condescendência por parte das forças de segurança: «Os agentes da autoridade, em vez da rotina de educar, ignoram os veículos de emergência». Segundo o presidente da ATEMPH, deve averiguar-se se uma ambulância, que circule em marcha de emergência, vai de facto em situação de emergência. «Mas isso não é feito», critica.
Nélson Baptista lembra que, em Portugal, existem mais de 1.500 ambulâncias de socorro e cerca de 2.000 ambulâncias de transporte, num universo de 467 corporações, com 37.800 bombeiros.
Em 30 anos morreram 41 bombeiros
Duarte Caldeira refere que dos 185 bombeiros que morreram em serviço, entre 1980 e 2009, 80 foram vítimas de acidentes de viação. E, desses 80, 41 faleceram em sequência de acidentes com ambulâncias.
Para o presidente da LBP, a solução do problema da sinistralidade passa por três questões. Em primeiro, por um reforço de formação, para aumentar as competências ao nível da condução defensiva. Em segundo, por uma «sistemática manutenção do veículo». Duarte Caldeira diz que a situação ideal seria a renovação de frota de cinco em cinco anos.
Em terceiro lugar, o presidente da LBP chama a atenção para o mau estado de algumas estradas. E, perante este cenário de vias degradadas, Duarte Caldeira frisa que, «depois da estabilização do doente, não é desejável a chegada ao hospital em tempo recorde; o ideal é chegar em boas condições».
José Trigoso, secretário-geral da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP), considera crucial garantir que os condutores respeitem a sinalização luminosa.
«Têm obrigações que não cumprem por defeito de formação; quantas vezes vemos ambulâncias a passar um sinal vermelho?! O Código da Estrada obriga-os a parar e eles não param», critica.
A PRP fez uma proposta de formação para a Liga de Bombeiros, que foi aprovada há cerca de um ano. No entanto, segundo José Trigoso, o projecto não avança por aguardar financiamento por parte do Ministério da Administração Interna.
Sol
isto se anda assim os bomb podem agradecer-to a ti ó DC.. és um palh.. vai-te embora ja viste tempo!
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