O indivíduo, de 23 anos, ficou em prisão preventiva, por decisão do Tribunal de Alcobaça, indiciado por homicídio qualificado. Desfecho que poderá ter levado em linha de conta o facto de o progenitor só ter chamado os bombeiros pelo menos uma hora depois das agressões. Segundo o comandante dos Bombeiros de Alcobaça, Mário Cerol, o "alerta chegou ao meio-dia através do Comando Operacional de Coimbra" e dizia respeito a uma "queda" de um bebé da "cama ou de uma cadeira. Tinha acabado de acontecer".
Foi prontamente enviada uma ambulância do INEM, mas a distância era curta, uma vez que a casa de onde vinha o pedido de apoio estava a cerca de 100 metros do quartel de bombeiros.
O bombeiro Flávio Areias, da tripulação da ambulância, entrou na habitação e deparou com "três pessoas. Estavam muita agitadas. Uma devia ser a mãe". David, de cinco meses, estava deitado num sofá, com um fio de sangue no nariz, "já seco", e o "corpo estava frio". Por baixo dos olhos, exibia dois hematomas, que indiciavam sinais de agressão.
"Tinha batido mais vezes"
Quanto às circunstâncias da morte, o bombeiro salienta que "essa questão é com as autoridades judiciais", mas admite que entre o alerta dado pelo pai e o momento em que a equipa dos bombeiros entrou na habitação passou bem mais de uma hora.
Antes ainda, segundo apurou o JN, o agressor terá chamado a mulher e mãe do menino, Carla, de 20 anos, assim como a irmã desta. Quando os bombeiros chegaram, à porta do prédio encontrava-se também a mãe do suspeito.
De acordo com os indícios recolhidos, as agressões não seriam de agora, mas a violência que rodeava este jovem agregado estava escondida do resto da família.
"Ela hoje [ontem] é que nos disse que ele já tinha batido mais vezes no menino", contou, ao JN, o irmão de Carla, José Carlos Gonçalves, na casa de família, em Vidigal, nas imediações de Leiria.
Carla vai lentamente acordando para alguns pormenores da vida com o detido, mas o choque causado pela morte do filho foi violento e, ao fim da tarde de ontem, teve que ser transportada ao Hospital de Leiria, em estado de choque.
Pouco antes, tinha contado à família, aos irmãos e a uma irmã, Clara Gonçalves, que a criou e a quem trata por mãe - os pais já faleceram -, que há cerca de um mês "tinha notado que o menino tinha nódoas negras, umas marcas no corpo". Tinha questionado, inclusive, o marido, mas este respondera que o bebé "tinha dado uma queda", segundo contou José Carlos. Carla prestou ontem declarações à PJ.
As perícias médico-legais concluíram, entretanto, que o progenitor não terá usado nada a não ser as mãos para matar o filho de cinco meses. As razões que o terão levado a cometer tal acto não foram, todavia, clarificadas pelo agressor durante o interrogatório a que foi sujeito.
JN
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