No período pós-25 de Abril, a entrada em incumprimento foi um cenário plausível. A revolução levou muitos portugueses a quererem trocar escudos por outras moedas para tirarem o dinheiro do país. Na altura, a escassez de reservas cambiais foi a principal ameaça para a economia.
«Havia incerteza. As pessoas não tinham confiança», recorda Jacinto Nunes, o primeiro governador do Banco de Portugal (BdP) nomeado depois do 25 de Abril (ver entrevista ao lado).
Hoje, a possibilidade de Portugal não conseguir honrar os compromissos financeiros está sobretudo relacionada com o descontrolo das finanças públicas. Mas o antigo governador recusa a ideia de que o país possa vir a ‘falir’. «Não sou um optimista declarado, mas não sou pessimista a esse ponto».
Depois do 25 de Abril, os salários evoluíram de forma livre. A procura disparou, mas a oferta não respondeu de imediato. A solução foi recorrer às importações, o que agravou o défice externo. A inflação disparou, atingindo níveis próximos de 30% (ver infografia).
Dias agitados
Nos anos que se seguiram à revolução, o BdP foi forçado a subir a taxa de juro para evitar a fuga de capitais – chegou a 20% em 1978. Foram períodos conturbados, com grande agitação social e com o Estado a assumir mais preponderância na economia, nacionalizando bancos e parte da indústria.
«Pela primeira vez na história económica recente, o Estado foi mais travão de crescimento do que motor», considera o historiador económico Pedro Lains. Segundo o investigador, até à II Guerra Mundial o Estado garantia o «formato institucional», a segurança, as transacções e os mercados. Depois, impulsionou os grandes investimentos e a industrialização. E, desde 1974, teve como «principal papel o fornecimento dos serviços que melhoraram a qualidade de vida, incluindo a saúde, a educação e a segurança social». É o princípio da «nova economia dos serviços».
Nestes 30 anos houve melhorias. «Será raro o indicador de qualidade de vida que não tenha melhorado, da mortalidade infantil à esperança de vida, passando pela literacia e pela formação universitária, os transportes, as cidades, a segurança na velhice». Contudo, o facto de Portugal ainda estar longe da média europeia em muitos indicadores causa «insatisfação» na população.
O ritmo de crescimento nos anos 70 é inferior ao da década anterior, marcada pela abertura ao exterior com a entrada de Portugal na EFTA (Zona de comércio Livre). A entrada na UE, em 1986, deu um novo fôlego às trocas comerciais e a economia do país deu outro salto.
Actualmente, Portugal está perante uma nova encruzilhada. Depois de uma década de crescimento quase anémico, a necessária redução da despesa do Estado implicará sacrifícios. «O Estado Social universal não pode continuar, porque senão qualquer dia não temos estado social nenhum, nem para os mais carenciados».
Concordo em muito-pouco, com o que está descrito; isto porque o crescimento/desenvolvimento são relativos (no caso, a outros países. De maneira nenhuma o processo político, seja onde for, não é estático; é, isso sim, dinâmico e não "corre" à mesma velocidade! Foi, talvez por isso, que um concidão nosso,que vai, frequentemente, a Espanha um dioa me disse: antes de 1974, estavamos atrazados em relação à Espanha, seis ou sete anos; agora estamos sessenta.
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