sábado, 3 de abril de 2010

Macas retidas no hospital valem euros

Bombeiros querem cobrar taxa pelo "aluguer".

O presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra, Jaime Soares, quer que as corporações passem a cobrar uma taxa de aluguer de equipamento aos hospitais pela utilização de macas de ambulência retidas nos serviços de urgência.

Em declarações à agência Lusa, Jaime Soares frisou que "há muitos meses" se assiste a uma situação de "abuso declarado" por parte dos serviços de urgências hospitalares na utilização de equipamento dos bombeiros "como se fosse dos hospitais".

Jaime Soares anunciou que vai propor, na federação distrital de bombeiros, que as corporações "passem a cobrar uma taxa por todo o material que ficar retido no hospital". "Não estamos a falar só de macas, mas de máscaras, coletes extractores ou talas para as pernas. O equipamento dos bombeiros não foi calculado para tapar a incapacidade e as falhas dos hospitais", sustentou o também comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Poiares.

"Esquecem-se que uma ambulância ali retida pode estar a fazer falta noutro lado para salvar outras vidas", acusou o dirigente associativo.

Alvitrou ainda que as ambulâncias "regressem imediatamente ao quartel", embora sem maca, situação que, admitiu, só será exequível por corporações que disponham de equipamento de substituição.

A proposta do responsável federativo ocorreu no dia em que uma ambulância de emergência dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz (BVFF) esteve retida quatro horas na urgência do Hospital Distrital por falta de macas daquele serviço.

"Chegou ao hospital às 5 horas e só saiu às 9 horas. Ter uma ambulância do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) tripulada por profissionais, retida no hospital por falta de macas na urgência é impensável", afirmou João Moreira, comandante dos BVFF.

Na madrugada de ontem, uma segunda ambulância da corporação, activada em substituição, acabou, "pelo mesmo motivo", por ficar retida no hospital, entre as 6.36 horas e as 9.10 horas.

O comandante dos Voluntários disse, no entanto, tratar-se de uma "prática comum" em várias unidades hospitalares "da região e do país". "Já aconteceu, numa transferência para Coimbra, ficarmos oito horas retidos por falta de maca".

JN

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