segunda-feira, 5 de abril de 2010

Enfermeiros do CODU ameaçam boicotar funções

Os enfermeiros recusam trabalhar nos CODU (Centros de Orientação de Doentes Urgentes) se a tutela não garantir a manutenção das suas funções durante 24 horas por dia, anunciou o coordenador nacional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
«Ou os enfermeiros permanecem 24 horas por dia nos CODU ou, a partir de quarta feira, deixará de haver enfermeiros» nestes centros, afirmou hoje, em Coimbra, em conferência de imprensa, o coordenador nacional do SEP, José Carlos Martins.

A decisão destes profissionais, explicou aquele responsável, está apenas dependente do resultado da reunião que o SEP terá na terça feira com o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro, para debater a questão.

Além de «não aceitarem permanecer» nos quatro CODU em funcionamento (Porto, Coimbra, Lisboa e Faro), os enfermeiros estão dispostos a adotar formas de luta «mais radicais», para reporem o «funcionamento normal» destes centros, isto é, com a prestação de enfermeiros, durante 24 horas diárias.

«O Ministério da Saúde só assume soluções mediante pressão», considerou José Carlos Martins, justificando a disposição dos enfermeiros de enveredarem por outras formas de luta, que se escusou a especificar, mas sem afastar o recurso à greve.

Numa reunião, em dezembro de 2009, com a ministra da Saúde, o Conselho Diretivo (CD) do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) – no âmbito do qual funcionam os CODU – e o SEP, a própria ministra Ana Jorge garantiu não estar no «horizonte» a «possibilidade de os enfermeiros serem substituídos por outros técnicos», recordou José Carlos Martins.

Em 26 de Março, no entanto, o CD do INEM «informou os diretores regionais» que a partir de 1 de Abril deixariam de «exercer funções em todos os CODU».

Cinco dias depois, em 31 de Março, após reunião do CD do INEM com a ministra e com o secretário de Estado da Saúde, aquele Conselho Diretivo «informou os enfermeiros que se manteriam» em funções nos CODU, «mas apenas durante o período» entre as 8h e as 20h e «só até final de Abril», acrescentou o dirigente sindical.

«Ninguém compreende a deriva do CD do INEM: primeiro, os enfermeiros são necessários, depois não fazem falta, depois já são precisos entre as 8h e as 20h», enfim, «isto revela incompetência», disse.

«O CD do INEM devia demitir-se», apelou José Carlos Martins, afirmando que «são mais os problemas» que os responsáveis do INEM «estão a causar» do que «aqueles que resolvem».

Os enfermeiros «não estão disponíveis para aceitar derivas de orientação».

«Isto é inaceitável», realçou também o coordenador nacional do SEP, criticando a tutela e, particularmente, o CD do INEM.

O Conselho Diretivo do INEM, se não se demitir, «deve ser substituído», defendeu o sindicalista.

Lusa / SOL

Sem comentários:

Enviar um comentário