O cenário no qual decorreu, a partir das 16 horas, o simulacro de acidente rodoviário envolvendo uma cisterna de combustível e um veículo ligeiro, no Largo da UFA, freguesia do Lavradio, foi "o mais real possível" e teve como resultado cerca de uma hora de êxito dos elementos intervenientes. Em causa esteve um exercício de Protecção Civil efectuado e controlado pela Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Sul e Sueste que, segundo o comandante desta corporação, teve por base a colisão de uma cisterna de gasóleo num veículo ligeiro, provocando ferimentos nos dois ocupantes do veículo ligeiro e o encarceramento dessa viatura.
Havendo matérias perigosas envolvidas, o risco de ser causado um violento incêndio não esteve fora do alvo da atenção dos cerca de 30 bombeiros presentes, que puderam contar com o apoio de viaturas. Utilizado pelos elementos foi todo o material necessário para o trabalho de contenção e de protecção, nomeadamente "material para arrefecimento, seguido de uma cobertura de espuma para que não houvesse um contacto dos vapores com a atmosfera nem qualquer tipo de inflamação causadora de um incêndio". "Em simultâneo, estavam a decorrer os trabalhos de desencarceramento, que é um trabalho minucioso, que implica não provocar mais danos nas vítimas para além daqueles causados nos sinistros normais", explicou António Reis, admitindo a situação de "à vontade" dos bombeiros do concelho perante um caso real como o simulado.
Para a realização deste simulacro foi "previamente estudado e escolhido" o local da acção, enquadrado num cenário de indústrias que laboram com matérias perigosas. Apesar de existirem carros de contenção no local, para o caso de "protecção ou evacuação aos edifícios adjacentes", confirmado foi pelo comandante dos Bombeiros Sul e Sueste que, tratando-se de uma situação real envolvendo esse tipo de matérias, as duas corporações do Barreiro já não teriam os recursos necessários para agir na hora.
"A nossa maior necessidade para este meio e para indústria de risco e química são um carro específico para esta actividade química e fatos de aproximação química; neste caso, tratou-se de um acidente simulado de gasóleo, se fosse outro tipo de matéria química não teríamos capacidade de intervir na hora porque eram realmente necessários fatos de aproximação de que nós não dispomos", afirmou António Reis, confessando apenas existirem meios destes em Setúbal, nomeadamente na Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal que dão cobertura a toda a região.
Segundo o comandante, esta situação tem sido reclamada junto das entidades responsáveis, uma vez que estes são equipamentos "completamente incomportáveis de adquirir e manter por conta e risco dos próprios bombeiros". "Ao nível das associações de bombeiros é muito difícil manter um carro desses tão específico e os fatos são equipamentos de durabilidade limitada e extremamente dispendiosos", argumenta António Reis.
Novas indústrias e Ponte exigirão mais experiência
Pouco "à vontade" sentem-se também ambas as corporações de bombeiros, segundo o comandante dos Bombeiros Sul e Sueste, para intervenção no rio, em caso de acidente de grande dimensão. "Estamos preparados para intervir num pequeno acidente no rio", confessa António Reis.
Face à construção da nova ponte Barreiro-Chelas, o responsável da corporação Sul e Sueste afirma também que os bombeiros do concelho não têm ainda a experiência necessária, como a terão os colegas do Montijo. "Eles já tiveram, efectivamente, a experiencia da construção da ponte Vasco da Gama e, nesse sentido, estamos a tentar estabelecer um protocolo com os bombeiros do Montijo para que nos dêem uma ideia da dimensão das necessidades que ocorreram numa zona homóloga", explicou o comandante.
Face à "projecção que se está a criar para o concelho do Barreiro com o desenvolvimento de novas infraestruturas a ser criadas", António Reis confessou ainda à comunicação social local a necessidade dos bombeiros do concelho repensarem "toda a indústria que vai nascer" no Barreiro e de se reequiparem.
Falta de meios sublinhada em workshop
O simulacro, realizado na passada sexta-feira, decorreu enquadrado no âmbito da «Visita da Liga dos Bombeiros Portugueses» ao concelho do Barreiro. Com o objectivo de estabelecer uma relação de maior proximidade entre a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) e as Associações de Bombeiros teve já início, em 2010, uma operação designada por ‘Liga de Proximidade’ cuja primeira visita começou precisamente na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários (AHBV) do Sul e Suste, no Barreiro.
Assim, e do Programa desta primeira visita realizada pela LBP, destacou-se, pelas 10 horas, uma Reunião entre a Direcção e o Comando da AHBV Sul e Sueste e o Conselho Executivo da LBP, seguida de uma visita ao Quartel-sede. Para as 15 horas ficou agendada a apresentação do Plano de Emergência da LBC Tanquipor – Apresentação do cenário de simulacro.
Ainda durante a manhã, pelas 11h15, teve lugar um Workshop subordinado à temática "Os Bombeiros e o Barreiro em transformação – Perspectivas no âmbito da Protecção Civil". Durante a sessão, várias entidades estiveram presentes e diversos temas respeitantes às perspectivas no âmbito da Protecção Civil foram abordados.
A reconversão dos terrenos industriais e da ex-Quimiparque, o Arco Ribeirinho Sul, a construção da Terceira Travessia do Tejo (TTT) e a Alta Velocidade ferroviária foram alguns dos assuntos mais focados pelos intervenientes. Também questões respeitantes ao território industrial, às equipas de intervenção e à sua capacidade de resposta em casos de emergência, foram discutidas.
"Existem empreendimentos que se avizinham [TTT e Alta Velocidade] que exigem meios que nós não temos", focou Eduardo Correia, presidente da Direcção dos Bombeiros Voluntários Sul e Sueste. Relativamente a este assunto, Eduardo Correia acrescentou que muitos equipamentos foram adquiridos "graças aos protocolos e às empresas" que colaboraram com a corporação.
Carlos Humberto, presidente da Câmara Municipal do Barreiro (CMB), lembrou que algumas questões relacionadas com os novos investimentos para o Barreiro foram já colocadas ao Governo. Relativamente à TTT, "não será trazido para o Barreiro um projecto sem que se conheçam previamente os seus acessos disponíveis", garantiu o autarca. O presidente da CMB afirmou ainda que "questões da Protecção Civil e da Saúde, questões da Frente de Rio ou questões relacionadas com a Quimiparque" estão também em discussão com o actual Governo.
Jornal do Barreiro
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