quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

104 mortos no IP3 preocupam bombeiros

Em 19 anos, desde o ano de abertura daquele itinerário, ocorreram 1366 acidentes no troço que atravessa este concelho

Mais de uma centena de mortos em menos de 20 anos. O drama das vítimas de acidentes na estrada é uma triste realidade no IP3 e no IC6, por causa das consequências trágicas nas duas vias que atravessam o concelho de Penacova (Coimbra). O IP3, desde 1991, ano em que o itinerário foi aberto ao tráfego entre Coimbra e Viseu, é, porém, a via que mais preocupa os bombeiros de Penacova. Uma cruz com ramos de flores, a evocar as vítimas de um trágico acidente numa curva apertada antes do nó do IC6 (sentido Coimbra/Viseu), faz companhia a quem ali circula diariamente. Uma representação da dor de uma família despedaçada no asfalto.

De acordo com o relatório operacional, a que o DN teve acesso, o ano passado registaram-se, em 21 quilómetros do IP3, 125 acidentes, número que só foi ultrapassado em 2003 (ano que ali ocorreram 135 sinistros, que provocaram nove mortos). Apesar de em 2009 não ter ali falecido ninguém, registaram-se 126 feridos. Mais uma estatística de sofrimento a que os bombeiros não são indiferentes.

"É preciso colocar as questões de segurança rodoviária na ordem do dia", acentua o comandante António Simões. Ontem, esta corporação, implantada num concelho com 80 por cento de área florestal, comemorou 80 anos de existência. A data serviu para mais um alerta perante os dados da sinistralidade naquela via.

"O elevado número de acidentes no IP3, envolvendo viaturas pesadas, continua a ser preocupante. O número de camiões, sobretudo com matérias perigosas, que circula nas vias rápidas que atravessam o concelho de Penacova são a nossa principal preocupação", assume o comandante.

Apesar de no IP3, no período de Janeiro a Dezembro, não ter havido qualquer vítima mortal, "o número de feridos voltou a ultrapassar a centena, o que já não se verificava desde 2004", alerta António Simões. A acrescentar a estes dados, há outros números a ter em conta. Fazendo a soma de todas as ocorrências desde 1991, naquela via rápida de ligação entre duas cidades da região centro, ficaram feridas por causa dos acidentes 1413 pessoas, entre os quilómetros 49 e 70.

Ao longo dos anos, vários pontos negros foram objecto de intervenção e a colocação de um separador central de betão diminuiu o nível de perigosidade dos choques frontais. Porém, há ainda locais de índice de risco máximo e o próprio separador central pode, em certas circunstâncias, revelar-se um obstáculo na rapidez do socorro às vítimas.

A degradação do pavimento é outra realidade de perigo que os condutores enfrentam, sobretudo, em dias de muita chuva, por causa da formação de lençóis de água. À noite, a sinalização horizontal é deficiente, o que, em dias de nevoeiro, ainda se torna mais perigoso. São, no concelho de Penacova, 21 quilómetros de uma via tristemente célebre que, apenas, no primeiro ano de existência teve um reduzido índice de sinistralidade. Em parceria com a autarquia, durante o Festival da Lampreia, que atrai milhares de pessoas aos restaurantes do concelho, os bombeiros serão destacados para sensibilizar os condutores para as cifras negras das estradas na região.

DN

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