Felizmente sem vítimas, foi preciso um incêndio real em altura para pôr a nu o simulacro de segurança em que vive a dita “terceira” cidade do país em população e, muito naturalmente, em número de prédios por metro quadrado.
O aparato de ter o futuro edifício mais alto de Braga em chamas, encimado por uma nuvem de fumo negro, trouxe à memória as malfadadas imagens de 11 de Setembro e a hora e meia de duração do fogo foi suficiente para testar a ineficácia e descoordenação dos meios de socorro bracarenses.
Realmente ninguém menos atento ou de fora acredita no estado a que chegaram as instituições que têm a missão de velar pelo socorro e segurança das pessoas nesta augusta cidade: dependente da solidariedade dos vizinhos e de corar de vergonha face a algumas vilas das redondezas.
Os Bombeiros Sapadores vivem há décadas em instalações provisórias e têm os meios menos que mínimos para as suas funções, como resultado de uma política municipal forreta no que é indispensável e despesista no acessório, com circo e futebol à cabeça.
Os Bombeiros Voluntários estão há mais de três anos em guerra interna, na sequência da demissão em bloco da maior parte dos seus elementos, e com a situação económica e social a degradar-se, enquanto a corporação continua igualmente sem quartel e com um futuro cada vez mais cinzento e difícil de descortinar.
A Polícia Municipal, que tem apenas uma missão de fiscalização camarária, lá continua no ordenamento do trânsito e na caça à multa e aos rebocamentos em horário de expediente, mas sem que a instituição se consiga afirmar pela paz e motivação internas, com vários “levantamentos de rancho” contra os sucessivos comandantes.
Parece bem claro que estes são casos mais do que suficientes para que Braga acorde e evite mais “fogos” quando está em causa a segurança dos seus cidadãos.
Pergunta-se, então, o que vai fazer a Câmara e o Conselho Municipal de Segurança no sentido de garantirem melhor coordenação e eficácia no socorro dos bracarenses? É que este órgão existe mas, sinal dos tempos, ninguém tinha dado por isso.
Diário do Minho
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