segunda-feira, 22 de março de 2010

Bombeiros querem protecção policial para ir a bairros de Loures

"Foi a primeira vez que os meus homens foram atacados desta maneira. Aquilo esteve complicado, choviam paralelepípedos, chamava-nos nomes e tivemos de sair dali à pressa", conta o comandante da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Loures, Angelo Simões. "A partir de agora só nos deslocamos a este tipo de zona com aviso prévio à polícia e depois de avaliar o risco", avisa este responsável.

Na madrugada de ontem, a polícia teve de intervir por duas vezes no bairro das Sapateiras, em Loures, a última das quais para "resgatar" os bombeiros que estavam a ser atacados. Na primeira vez, perto da 01.30 da madrugada, a PSP foi chamada ao bairro por moradores que reclamavam de desordens nas ruas e intenso ruído provocado por um grupo de perto de 30 jovens, alguns de bairros vizinhos.

Quando lá chegou o carro-patrulha da 70.ª esquadra de Loures, foi recebido à pedrada e chamou reforço de mais três carros-patrulha e duas equipas de intervenção rápida, estas últimas com oito elementos cada uma. Houve desacatos, pedras pelo ar, um polícia ferido a ter de receber tratamento hospitalar e um homem de 20 anos detido pelo crime de "ofensa à integridade física de um agente".

Mas a história não acabou aqui, ao contrário do que foi noticiado. Mal os agentes de autoridade deixaram o bairro, o grupo voltou às ruas, desta vez para começar a incendiar contentores do lixo, a fazer lembrar o cenário de "guerra" do ano passado no bairro da Bela Vista, em Setúbal.

No quartel dos bombeiros de Loures foi recebida uma chamada a dar conta da situação, perto das 02.30 da manhã. De imediato, o comandante destacou para o local um carro de combate a incêndios e logo que entraram no bairro caiu-lhes em cima uma "chuva de paralelepípedos", como "nunca" tinham visto.

O comandante Angelo Simões diz que era "um grupo de 15, 16 jovens que gritavam 'vão-se embora, saiam daqui seus filhos da p...'". Não houve feridos entre os seus homens, mas a viatura ficou com dois vidros partidos e várias mossas na chapa. Este responsável garante que vai apresentar uma queixa-crime contra desconhecidos. "Nunca tínhamos tido um problema destes, somos veículos de socorro, 'apolíticos', 'apartidários' e 'arreligiosos' e, se nem nós somos poupados a violência, devemos ficar preocupados", assevera.

O bairro das Sapateiras não foi incluído no Contrato Local de Segurança de Loures, que apenas abrange as freguesias de Sacavém, Camarate e Apelação. No entanto, mesmo nestas, segundo um inquérito divulgado no início deste mês sobre os efeitos de um ano de aplicação do contrato local de segurança, o sentimento de insegurança continua (ver caixa ao lado).

DN

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