Suspensão da Concessão rodoviária não agradou aos empresários de Seia, Gouveia e Oliveira do Hospital.
A delegação de Seia e Gouveia do Núcleo Empresarial da Região da Guarda (NERGA) escreveu ao ministro das Obras Públicas para reivindicar a construção dos Itinerários Complementares (IC) 6, 7 e 37.
Na missiva, os empresários enumeram os prejuízos que a suspensão das vias de ligação à Serra da Estrela, nomeadamente o IC6 (Covilhã – Coimbra), IC7 (Vendas de Galizes – Fornos de Algodres) e IC37 (Viseu – Seia) acarreta para os municípios de Seia, Gouveia e Oliveira do Hospital. «Após décadas e décadas de atraso, solicitamos que [o Governo] cumpra com a palavra dada em relação à construção destas vias, a fim de evitar o definhamento e morte desta região».
«Não podemos ficar indiferentes a este recuo e, mais do que isso, não podemos ficar calados sabendo que pelo menos a ligação a Viseu (IC37) irá ser deixada para trás, facto que nos indigna sobremaneira», escreve o presidente da direcção da delegação de Seia e Gouveia do NERGA. António Campos frisa que esta ligação é «de importância fulcral para ultrapassar os problemas» e a sua não concretização destinará esta zona do país «à desertificação, à degradação social, à pobreza, à decadência económica, ao isolamento, ao declínio empresarial e ao envelhecimento populacional».
Sabendo do «elevado sentido de justiça social» por parte do ministro e «da boa-vontade do Governo em ajudar esta região», a Associação Empresarial, que representa a quase totalidade do tecido económico dos três concelhos, ficou «desencantada» com o anúncio do Governo, pelo facto de «conhecer a situação difícil em que se encontram os concelhos de Seia, Gouveia e Oliveira do Hospital, nos quais se verificou a falência e o encerramento de várias empresas que constituíam o pilar de desenvolvimento desta sub-região, atirando para o desemprego milhares de trabalhadores».
No entanto, refere António Campos, a suspensão da construção das estradas «tem repercussões inevitáveis não só em termos económicos, como também em termos sociais», sublinhando que a qualidade de vida desta comunidade «tem sido irremediavelmente afectada, se tivermos em conta que a capacidade de resposta em termos de mercado de trabalho é muito deficitária». Associada a esta realidade, a «cada vez mais acentuada saída de quadros técnicos desta zona», devido à pouca atractividade em termos profissionais, «aliada à estagnação das unidades empresariais ainda existentes, dado o isolamento a que estamos votados», são motivo já por si suficientes para a «fuga de elementos com capacidade inovadora e dinâmica que poderiam modificar significativamente o tecido empresarial existente».
Na carta enviada ao ministro das Obras Públicas, o NERGA faz também referência à remodelação e ampliação do Hospital de Seia, dotado de novas valências e tecnologia de ponta «mas com acessos condicionados», o que «tendem a subaproveitar» a unidade de saúde, integrada na ULS da Guarda, a 70 quilómetros de distância.
O dirigente do NERGA refere ainda que os três concelhos têm uma localização privilegiada em relação à Serra da Estrela, que recebe anualmente milhares e milhares de visitantes, «assumindo-se como um destino turístico cada vez mais forte», mas apesar de terem consciência que “o caminho que traz, também leva”, «a posição estratégica pode ter influência quer no escoamento, quer na captação de produtos, o que em termos económicos representa uma mais-valia se as condições devidas forem proporcionadas».
Insistindo na «constante necessidade» de cativar investimentos, sublinha que para tal «é fundamental que as redes viárias sejam melhoradas e os acessos facilitados, sob pena de protagonizarem recuos irremediáveis», frisa António Campos que tinham acolhido «com agrado» a notícia de que as obras iriam prosseguir, mas agora «com grande indignação conhecemos o contrário».
Porta da Estrela
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