sábado, 13 de março de 2010

Imagens da vergonha

As imagens da vergonha de Braga correram o país e num dia se desfez a ideia mistificada de que vivemos na terceira cidade do país.

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O incêndio no primeiro hotel de cinco estrelas em construção exibiu momentos patéticos e ridículos: bombeiros empoleirados em cima das viaturas de mangueira na mão e despejar água sem chegar às chamas, numa demonstração de completa incompetência e incapacidade. E que dizer de um antigo funcionário dos correios, com capacete de aprendiz de trolha, a comandar os seus “voluntários”?

Valeram neste caso duas circunstâncias — o incêndio extinguiu-se por ele próprio e o edifício estava evacuado — que, felizmente, fazem com que não estejamos hoje a falar de uma enorme tragédia.

Ainda bem que não houve vítimas pessoais, mas isso não deixa de ser um escândalo numa cidade cuja Câmara Municipal esbanja centenas de milhares de euros no despedimento de um funcionário mas a sua companhia de bombeiros não tem meios mínimos para combater um sinistro num edifício com altura por ela aprovada.

Os autarcas de Braga — que há tantos anos tem responsabilidades de gestão e a segurança deve ser uma das prioritárias — devem corar de vergonha: Portugal inteiro ficou a saber que foram os Bombeiros das Taipas (que são voluntários) e Famalicão (que também são voluntários) a acorrer a um in
cêndio na “terceira cidade” que tem uma Companhia de Sapadores (profissionais).

Braga é uma cidade em altura e é inconcebível que não possua nenhuma auto-escada em funcionamento e é inadmissível que as duas auto-escadas estejam inoperacionais, uma delas, há mais de um ano.

Quem aceitaria hoje o argumento municipal — só repara a auto-escada acidentada quando o seguro pagar — se Braga tivesse vivido estes dias um drama com perda de vidas humanas?

Depois, há a corporação de Voluntários. Ninguém nesta instituição se estremece quando vê um país inteiro saber que é habitual as congéneres de Famalicão e Guimarães auxiliar os de Braga nos incêndios em altura? Também são “voluntários” como os de Braga.

Faz sentido existir em Braga uma corporação de bombeiros voluntários incapacitada de meios humanos e técnicos e continuar a pedir donativos aos bracarenses e ao Estado? É uma reflexão que a comunidade bracarense — se olhar para a gestão das corporações de voluntários de Guimarães, Vila Verde, Amares, Póvoa de Lanhoso ou Famalicão, só para dar alguns exemplos — deve fazer, em nome da sua segurança.

O que temos é quase nada e Braga merece muito mais mas também é urgente que os bracarenses queiram e os que deram provas de incapacidade e ausência dêem lugar a outros.
Correio do Minho

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