Os dados sobre os incêndios e a área ardida em 2007 e 2008 foram alterados "por desconhecidos" e podem não corresponder à realidade, revelou ontem a agência Lusa, citando um relatório da GNR.
No documento, é referido que durante a "campanha de 2007 vários oficiais de ligação nos Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS) informaram que os dados carregados apareciam alterados por desconhecidos" no Sistema de Gestão de Informação dos Incêndios Florestais (SGIF).
O relatório conclui ainda que a "Autoridade Florestal Nacional (AFN) tentou substituir ocorrências no SGIF, passando-as para queimadas".
Segundo dados oficiais, em 2007 registou-se 18 732 fogos, que destruíram 31 450 hectares. Em 2008 arderam 17 244 hectares, em 13 832 incêndios.
O Comando-Geral da GNR assegura que as alterações são normais e desmente que o relatório as atribua a desconhecidos.
O Comando-Geral da GNR assegura que as alterações são normais e desmente que o relatório as atribua a desconhecidos.
"É UM RELATÓRIO INCENDIÁRIO E NADA INGÉNUO" (Duarte Caldeira, Pres. Liga Bombeiros sobre números da GNR)
Correio da Manhã – Conhece o relatório ‘Operação Floresta Segura 2008’ da GNR?
Duarte Caldeira – Não, mas a confirmar-se a existência desse documento e do teor hoje [ontem] divulgado, é um relatório absurdo, pirómano, incendiário e nada ingénuo.
– Os dados estatísticos dos incêndios são fiáveis?
– Há estatísticas dos fogos florestais desde 1980. Em 2005 foi consolidado um critério de uniformização e esta é a primeira vez que vimos alguém interveniente neste tipo de ocorrências questionar os dados.
– Acha que o fizeram com alguma intenção?
– Se é verdade que lançam a dúvida sobre a contabilização dos incêndios florestais em espaço urbano, dando a entender que quem os combate está preocupado é em receber, isso é uma falsidade e uma provocação muito grave.
– Conhecia a existência deste tipo de relatórios?
– Não. E a divulgação deste numa altura em que praticamente não há ocorrências parece que querem criar outro tipo de incêndios.
– Que vai fazer?
– Vou pedir esclarecimentos ao ministro da Administração Interna.
Lusa / CM
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