1. Estou a escrever num espaço temporal que antecede a mudança do dia. Estou a escrever e pouco falta para a meia-noite. Estou a escrever e penso.
Uma pergunta: não seria bom que houvesse mudanças a sério nas nossas corporações de bombeiros?
2. Tenho tido, confesso-o a vós que ledes, vontade de me afastar dos bombeiros! Não por achar que já dei tudo o que tinha a dar (pois isto fá-lo-ei assim que o sinta!).
Não por considerar que travamos uma guerra que nunca vais ser vencida (pois considero que somos o elo fundamental que resolverá muitas batalhas a favor das comunidades em que nos movemos!).
Não por pensar que o que está a ser feito na revalorização e na sedimentação das Associações Humanitárias está correcto (penso que tenho de lutar, agora, ainda mais, pois o tempo dos oportunistas ainda agora está a começar e os órgãos sociais dessas mesmas Associações são presas fáceis na "fome" de protagonismo de vários figurões!).
Não por achar que há interesse, por parte dos meus camaradas e amigos mais próximos, e por parte da comunidade em que me insiro, em que eu me afaste dos bombeiros (pois isso não sinto!). Esta vontade de me afastar dos bombeiros tem vindo de um lugar insignificante do ponto de vista de quem o não quiser analisar bem de perto.
3. Ora bem, a minha vontade de me afastar dos bombeiros resulta da aparente necessidade, que reina nos dias de hoje, dos bombeiros serem ignorantes e mudos ou então aparentarem sê-lo. Ainda o não sentiram?
Hoje não se reconhecem competências válidas aos homens para a organização interna das corporações.Sabem quais são as únicas competências que são bem recebidas: o seguidismo, o "carneirismo", o comportamento "PIDEsco", o levantar a mão sem se saber porquê e o ser fantoche (como era referido numa crónica anterior por um camarada) manietado por alguns que ali vêem interesses políticos.
Estas últimas são as competências nucleares para uma boa relação com todos os órgãos que tutelam o sector e são as competências em que eu não me revejo e, por conseguinte, pelas quais tenho vontade de abandonar o quartel.
Se há homens que concordam com esta imbecilização de todos nós e querem continuar com ela, têm todo o direito a isso mas não contarão com o meu apoio. Se quiserem lutar contra isso de forma consistente, têm todo o meu apoio e ter-me-ão na linha da frente do combate.
4. Em linhas muito breves, traço aqui as razões do meu descontentamento e do meu afastamento voluntário das Equipas de Combate a Incêndios (ECIN) deste ano. Não me sinto bem num meio que promove a desigualdade entre os homens e premeia a capacidade de se ser imbecil!
Famalicão da Serra, 23 de Agosto de 2009
Daniel António Neto Rocha
Olá Daniel, gostei bastante da tua crónica, pena é que não pensem assim todos os nossos amigos bombeiros.
ResponderEliminarAchei as tuas palavras sinceras e de uma nobreza extrema.
xana tavares