Em 2011 chega ao fim um ciclo de quase 30 anos. O ciclo de Álvaro Guerreiro na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Egitanienses. O actual presidente da direcção encara a saída com “naturalidade” uma vez que o seu principal desiderato, a construção do quartel, foi alcançado.
“Saio, depois de todo este tempo, com a consciência clara que uma das vertentes do trabalho que foi feito incidiu na preparação de pessoas para assumirem, com conhecimento de causa, os destinos desta Associação Humanitária. Por isso, eu disse, expressamente, que estou convencido que nesta equipa directiva, à qual eu tenho muita honra de pertencer, há um conjunto de pessoas absolutamente determinadas e muito bem preparadas, a todos os níveis, para continuar a gerir os destinos desta Associação”, destacou Álvaro Guerreiro no dia em que os Bombeiros da Guarda assinalaram 134 anos de existência.
Apesar de a saída já dever “ter acontecido há mais tempo”, Álvaro Guerreiro diz que, desta vez, não se coloca a hipótese de “não aparecer mais nenhuma lista” porque, ao longo dos últimos anos, “foi feito um investimento no capital humano preparando-o para assumir a Associação”.
“A construção do novo quartel era a minha fasquia em termos de realização. Em 2003, ele estava feito e, portanto, já não fazia sentido continuar. Estou convencido que consigo que as pessoas que, neste momento, me acompanham na equipa directiva assumam por elas a Associação. Ou seja, a porta não está entreaberta está completamente escancarada”, frisou o presidente.
Além do presidente da direcção, o comandante dos Bombeiros da Guarda, Luís Santos, também pode estar de saída. Confrontado com este cenário, Álvaro Guerreiro rejeita a ideia de “conflito” e reforça que “depois de tanto tempo as pessoas necessitam de uma maior liberdade de acção”.
“O comandante Luís Santos há uma porção de anos que me vem dizendo que é desejo dele, mais tarde ou mais cedo, afastar-se do comando do corpo de Bombeiros. Agora, quer num quer noutro caso temos a consciência do dever cumprido. Quando isto acontece as pessoas pensam num frisson, num aspecto conflituoso, mas não há problema nenhum”, analisou Álvaro Guerreiro.
Maior consciência cívica - Na cerimónia do 134º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Egitanienses, e numa altura em que o que norte do País tem sido fustigado com incêndios de grandes proporções, Álvaro Guerreiro salienta que “a consciência das pessoas tem sido determinante” para o reduzido número de incêndios que se têm verificado este ano na Região.
“A protecção civil começa pela consciência de cada um de nós. Eu, este ano, dizia que no concelho da Guarda não tem havido, até agora, felizmente, tantos fogos. Eu estou convencido de que há uma maior consciência cívica. Porque eu não tenho dúvidas nenhumas que a esmagadora maioria dos fogos florestais têm mão humana por trás, porque ninguém me faz acreditar que há uma ou às três da manhã seja a luz do sol a incidir sobre os vidros que incendeia os pinheiros”, reflectiu o presidente dos Bombeiros.
Ainda assim, o responsável pela direcção dos Bombeiros da Guarda alerta que “para evitar situações desagradáveis é necessária a cooperação de todos os agentes” porque, só dessa forma, é que se consegue “facilitar o trabalho dos bombeiros e prevenir situações desagradáveis”.
“Abandonou-se a agricultura tradicional, não se lavra, não se remexe a terra, não se colhe, não se planta, o mato cresce e floresce e entra pelas casas a dentro. A partir desse momento, qualquer risco de incêndio, com risco agravado de vento, de uma falta térmica e de uma carga de humidade leva a um descontrolo total. Nós somos os guarda-redes deste tipo de situações e, quando nós lá chegamos, já falhou a equipa toda. Das duas uma: ou fazemos um voo bestial, conseguimos defender o fogo e não entra golo, ou, então, somos acusados de frangueiros que não temos ido aos treinos”, concluiu Álvaro Guerreiro.
Santinho Pacheco promete esforço para Natal ‘com prendas’ - Mas, nem só de despedidas viveu o 134º aniversário dos Bombeiros da Guarda. O governador civil do distrito da Guarda, Santinho Pacheco, anunciou que está empenhado em “fazer chegar aos bombeiros uma viatura de combate a fogos urbanos” e em concretizar o projecto do “Centro de Limpeza de Neve”.
“Não penso vir à festa de Natal dos Bombeiros se, nessa altura, não estiverem resolvidos dois problemas: o da viatura para os fogos urbanos na Guarda, que é muito importante porque, por exemplo, a PLIE precisa de ter resposta em termos de fogos urbanos, e o do Centro de Limpeza de Neve. Neste aspecto, estamos dependentes da abertura de candidaturas e penso que no mês de Setembro podemos ter a resposta a esta necessidade” frisou Santinho Pacheco.
Nova Guarda
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