segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Siza Desenha Primeiro Quartel de Bombeiros

Garantido o financiamento, os Bombeiros Voluntários de Santo Tirso, que há anos vivem apertados na velha sede da associação, vão, finalmente, ter casa nova em 2010. E será o primeiro quartel a que Siza Vieira dá forma.
Se o projecto consta, por isso, dos desafios do arquitecto? O próprio desmistifica a questão, em telegráfica resposta ao JN, via e-mail: "A atenção a prestar é idêntica à de qualquer tipo de edifício: programa e contexto. Como em qualquer projecto, existe um programa claro e regulamentação específica a cumprir", escreveu.
Com mais do triplo da área actual, a nova casa dos "Vermelhos", como é conhecida a corporação de Santo Tirso, será erguida num terreno de 3800 metros quadrados, pertencente à Quinta de Geão e cedido pela Autarquia (além de um subsídio de 200 mil euros).
Ficará na Rua do Arco, junto à Biblioteca Municipal e perto da EN 104, o que facilitará a mobilidade. Vai custar 1,1 milhões de euros, dos quais 70% estão assegurados por fundos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), e será "um quartel e mais qualquer coisa", sorri Joaquim Souto, comandante dos bombeiros, admitindo que a assinatura de Siza é "uma mais-valia".
O comandante dobra e desdobra a planta: "Aqui, vai ficar a sala de reuniões, ali o gabinete de comando, da direcção, a sala de formação, uma das camaratas…", desfia. O papel deixa-lhe nos olhos o rasto de um brilho tímido. "Em termos operacionais, está concebido de acordo com as necessidades actuais", orgulha-se. Que passam, entre outras, por mais camaratas e um espaço para a formação dos soldados da paz que é feita como se pode. "O que podemos fazer ao ar livre, aí vamos nós. Ou, então, é cá dentro".
Joaquim Souto convida a uma visita pelos 400 metros quadrados da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Santo Tirso, erguidos em 1934, por altura do 56º aniversário da instituição. Há o desafogado salão nobre, pintado de branco e rosa e que, com ténues reminiscências de Arte Déco (movimento artístico surgido em meados dos anos 1920), serviu, em tempos, para teatros, bailes e festas da sociedade tirsense. E a cantina, as pequenas salas de comunicações e o rés-do-chão, "que nem para metade das viaturas dá", informa Joaquim Souto, apontando para os cerca de 13 bólides milimetricamente arrumados e, depois, para a Praça Conde de S. Bento, onde outros tantos têm de ficar aparcados.
Um constrangimento que os 1400 metros quadrados do futuro edifício se encarregarão de resolver. As novas instalações, que deverão ficar prontas no final de 2010, trarão, ainda, duas novidades aos Voluntários de Santo Tirso: uma oficina - "para nós é bom, porque passamos a poupar muito dinheiro nos arranjos", aponta Joaquim Souto - e uma camarata feminina.
O comandante regressa à velha sede: "Aqui, não há. Temos bombeiras que gostariam de fazer serviço nocturno, mas não existem condições". E, de qualquer forma, o dormitório é, como tudo o resto, insuficiente. "Este ano, na altura do Verão, tínhamos 18 pessoas, no mínimo, a dormir por noite. O que é que a gente faz? Improvisa: pusemos uns beliches no espaço onde funciona o gabinete médico", conta Joaquim Souto.
JN

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