A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal (AHBVS) cumpriu recentemente 126 anos de existência e actividade ininterrupta em prol dos setubalenses, tendo a efeméride sido celebrada através de algumas alocuções alusivas.
Na qualidade de presidente da Mesa da Assembleia Geral desta associação centenária tive oportunidade de, no discurso proferido na sessão solene comemorativa do aniversário, ter referido o papel essencial da sociedade civil e, concomitantemente, do associativismo, no bem-estar e no desenvolvimento das populações.
Setúbal tem tradição, em matéria de associativismo, mas à medida que a cidade cresceu e se descaracterizou, com a vinda de fluxos cada vez maiores de pessoas de fora, perdeu algum desse elan associativo. A verdade é que persiste um número apreciável de colectividades no concelho, mas a realidade é que muitas delas lutam pela sobrevivência, dificilmente conseguem captar sangue novo, e correm o risco de fechar as portas. Em especial as mais antigas, apesar do respeitável peso do seu passado e tradição. Há que renovar métodos, procedimentos e serviços, mas sobretudo mentalidades, pois a cidade de 2009 é radicalmente diferente da que existia em finais do século XIX.
Quanto à AHBVS estão em pleno processo de renovação, aberta aos jovens, e a ideias inovadoras, mas sempre sem perder de vista o essencial, que é dotar o Corpo de Bombeiros de homens e mulheres, material, viaturas e equipamentos que permitam manter a eficácia no combate aos fogos e noutras acções de intervenção e socorro, no âmbito da protecção civil e da saúde das populações, de acordo com as funções e responsabilidades que lhe estão atribuídas.
Todavia, uma associação deste tipo, que se quer acarinhada pela sociedade setubalense, à semelhança da generalidade das suas congéneres por esse país fora, ainda não conseguiu sentir esse apoio em termos de número de associados, o que é pena. Se não forem os habitantes de Setúbal a acarinhar os seus bombeiros voluntários, quem o fará?
Já basta o comportamento vergonhoso, do ponto de vista cívico e institucional, que resulta do facto de as entidades competentes continuarem a reter uma verba de 30 mil euros, a que a associação tem direito, e que foi atribuída há um ano para a compra de um autotanque de grande capacidade, entretanto adquirido.
Por: Brissos Lino
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