Os pilotos do helicóptero que anteontem combateu um fogo em S. Pedro do Sul, queixam-se de ter sido impedidos, sob ameaça de uma caçadeira, de retirar água de uma lagoa. O dono nega. Diz que o filho usou apenas um pau.
O incidente ocorreu ao meio da tarde, entre as freguesias de Serrazes e Santa Cruz da Trapa, quando o helicóptero bombardeiro "Kamov", estacionado em permanência na base de Santa Comba Dão, ajudava os bombeiros a apagarem um incêndio que lavrava naquela zona, com sucessivos reacendimentos, há mais de uma semana.
"Quando tentavam retirar água de uma lagoa, asseguram ter sido ameaçados por um homem que lhes apontou uma caçadeira. Perante o perigo, suspenderam a operação naquele local. E contactaram-nos a relatar o sucedido", declarou ao Jornal de Notícias Henrique Pereira, 2º comandante do Centro Distrital de Operações e Socorro (CDOS) de Viseu.
"É tudo mentira. Cansado de fazer gestos aos pilotos, avisando-os que estavam a retirar água, pela terceira vez, de uma zona de trutas, com gente à volta a pescar (estava lá uma família, pai e cinco crianças), o meu filho pegou num pau grande para ver se iam embora de vez", relatou Arménio Teixeira, dono da quinta de 9 hectares, com quatro lagoas. Nenhuma delas licenciada e identificada como zona de pesca.
"O processo está a decorrer no Ministério do Ambiente. Já temos o parecer favorável da autarquia de S. Pedro do Sul", acrescentou Arménio Teixeira, garantindo que o filho não tinha nenhuma caçadeira consigo. "E tem disso testemunhas. Gente que viu os pilotos, zangados, fazerem uma manobra estranha que lançou cadeiras para a água, virou um barco e pôs toda a gente que ali estava em fuga", acusa o proprietário.
Comunicado o incidente à GNR de S. Pedro do Sul, uma patrulha deslocou-se ao local e identificou, com base na matrícula fornecida pelos pilotos do helicóptero, o carro e o filho do dono da lagoa que alegadamente os terá ameaçado.
"Foi feita uma vistoria ao veículo, não tendo sido encontrada qualquer arma", disse uma fonte da GNR. Lavrado o auto de notícia da ocorrência, segue-se um inquérito a remeter ao Ministério Público. "As autoridades irão tirar tudo a limpo", afirma Henrique Pereira.
Arménio Teixeira é que não se conforma. "Nunca impedirei os bombeiros de retirar água. Mas ali havia pessoas a pescar. Além disso, é costume abastecerem-se na levada da Camosa, no rio Varoso, que fica a 100 metros das lagoas de pesca", declara.
JN
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