Os perigos associados aos incêndios florestais e os que podem resultar da deflagração de fogos secundários durante o combate às chamas pelos bombeiros, levou a equipa liderada por Domingos Xavier Viegas a desenvolver um programa de computador que ajuda a prever as áreas onde há maior risco de deflagrarem chamas secundárias, tendo em conta as características do local e as condições meteorológicas. O Spot Fire arrancou em 2009 e deve estar concluído no final de 2011.
"Os focos secundários podem agravar os perigos de um incêndio, aumentando a sua velocidade de propagação e colocar em risco a vida de pessoas ou bens", recorda Xavier Viegas, presidente da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), onde está integrado o projecto liderado pelo Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
No Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais, onde têm sido desenvolvidos trabalhos nesta área (ver texto secundário), a equipa começou por "estudar a libertação de partículas incandescentes por árvores ou arbustos".
"Utilizamos sistemas de aquisição e análise de imagens muito avançados, que nos permitem medir não apenas o número de partículas libertadas como o seu número e dimensão assim como as suas velocidades e trajectórias iniciais", explica Domingos Xavier Viegas.
E uma das conclusões é que a casca do eucalipto, das espécies mais perigosas num fogo, "pode percorrer, em determinadas condições, uma distância de cinco a sete quilómetros". Xavier Viegas diz que "as que caem mais perto são as que preocupam para já, pois são que têm maior probabilidade de provocar focos secundários".
Além desta análise, a equipa está "a estudar as propriedades de combustão de diversas partículas e as características aerodinâmicas, para poder compreender melhor o seu comportamento durante o transporte pelo vento". "Colegas nossos que desenvolvem modelos numéricos estão a trabalhar na integração dos dados, para simular a trajectória das partículas em diversas condições ambientais, tendo em conta a presença do fogo, vento e topografia, para prever o modo de combustão e a provável do seu impacto com o solo", frisa.
Além dos objectivos científicos de melhorar o conhecimento do problema, a equipa espera transmitir os conhecimentos às entidades operacionais. "E, a médio prazo, dotá-las de ferramentas de decisão mais fiáveis para um combate mais seguro dos incêndios", admite o coordenador do projecto. A meta é chegar a um programa de computador, mas o investigador da ADAI admite que "ainda faltam muitos passos". Mas destaca a importância "da colaboração com os bombeiros e as autoridades da Protecção Civil" no desenvolvimento deste e outros estudos.
Com um financiamento de 136 mil euros, a ADAI contou com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, que financiou o projecto a 100%. "Tem sido muito difícil obter apoio financeiro para estes estudos, da parte de entidades operacionais ou de empresas com actividades florestais ou afins", acrescenta.
DN
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