quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Bombeiros sentem pressão política no combate a fogos

Os bombeiros sentem pressão dos políticos no combate a incêndios florestais, onde precisam de mais apoio logístico. As falhas são identificadas pela Liga dos Bombeiros. Mas as soluções propostas podem depender da despesa nos próximos orçamentos.
"Excesso de pressão de decisores políticos sobre decisores operacionais" é uma das debilidades apontadas no relatório da Liga dos Bombeiros Portugueses. O presidente, Duarte Caldeira, fala em "vulgarização da presença do decisor político" que "não faz sentido" em "momentos que devem ser de concentração".

Mas os autarcas têm o direito legal de estar junto ao combate, avança o secretário de Estado da Protecção Civil, Vasco Franco, e podem contribuir "de forma muito positiva", por exemplo, no apoio logístico.

Esta é outra falha encontrada. "A ideia do bombeiro-máquina, que não precisa de descansar e comer, deve ser completamente banida", porque compromete a sua segurança, defende Duarte Caldeira. Melhorar o reabastecimento de água é uma das sugestões do relatório.

A Liga propõe um plano de resolução das falhas, em três anos, com uma auditoria técnica no início de 2011. Assim, deveriam ser integradas medidas de resolução já no Orçamento do Estado de 2012, aponta o presidente.

Mas Vasco Franco afasta a possibilidade de agravamento da despesa orçamental nos próximos anos. "O desafio que temos todos é fazer mais e melhor com os mesmo recursos", afirma.

A necessidade de reequipamento das viaturas dos corpos de bombeiros é também notada. O secretário de Estado explica que é um problema que pode ser solucionado com fundos comunitários. "Conseguimos, através dos programas operacionais do QREN, que se abram candidaturas para o investimento de seis milhões de euros para reequipar viaturas", diz.

A formação de bombeiros é também criticada. Mas a Escola Nacional de Bombeiros "tem em marcha um ambicioso projecto de descentralização, com a criação de unidades de formação em todos os distritos", refere.

Entre Janeiro e Outubro de 2010, registaram-se 21 424 incêndios, menos que em 2009, mas que consumiram mais área florestal, num Verão quente e seco.

A floresta portuguesa continua a ter elevado risco, com espaços abandonados, sem a "adequada gestão e ordenamento e disseminada por meio milhão de pequenos proprietários", diz Duarte Caldeira, sugerindo "agregar pequenas parcelas de propriedade".

JN

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