Até 15 de Agosto, os fogos destruíram 24 mil hectares de espaços florestais no continente, a terceira área ardida mais baixa da última década.
Os 24 mil hectares contabilizados no último relatório provisório da Autoridade Florestal Nacional (AFN) publicado ontem mostram que até metade deste mês as chamas devastaram menos de um quarto dos perto de 104 mil hectares que arderam em média desde 2001. Isto apesar da diminuição de meios do dispositivo de combate aos incêndios, que conta este ano com menos 15 aeronaves entre Julho e Setembro, a pior época dos fogos. Menos significativa é a diminuição das ocorrências. Este ano foram registadas até 15 de Agosto 13.489 ignições, contra as 14.675 da média da última década.
Agosto está a ser um mês menos problemático que Julho, que contabiliza a maior área ardida do ano: 10.908 hectares. Na primeira quinzena deste mês arderam 3249 hectares, um número ainda provisório que, mesmo assim, já o torna o segundo pior mês deste ano. A maior parte da área ardida ocorreu em zonas de mato (16.187 hectares), tendo perto de um terço do total (7812 hectares) destruído povoamentos florestais. O maior incêndio do ano aconteceu em meados de Julho, em Idanha-a-Nova, Castelo Branco, e devastou 1568 hectares, um valor muito inferior ao maior incêndio de sempre, em Niza, que em 2003 destruiu mais de 40 mil hectares.
Viana do Castelo ocupa o primeiro lugar na lista dos distritos com maior área ardida (3874 hectares). "No que respeita aos 23.999 hectares contabilizados até 15 de Agosto, cerca de 44 por cento ocorreu nos distritos de Viana do Castelo, Braga e Bragança, com áreas superiores a três mil hectares", lê-se no relatório da AFN.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Duarte Caldeira, atribuiu grande parte da responsabilidade dos bons resultados às condições meteorológicas, que não tem favorecido a ocorrência de incêndios. "Temos assistido neste Verão a uma instabilidade meteorológica que não se verificava há vários anos. Tem havido muita oscilação das temperaturas, mas as noites têm estado quase sempre muito húmidas", nota Duarte Caldeira. E continua: "O número de ignições diárias tem facilitado a gestão do dispositivo, que acima de um determinado número de incêndios entra em ruptura". O dia com mais fogos deste ano foi 28 de Julho, com 367 ocorrências, um número bastante inferior às mais de 500 ignições que chegaram a ocorrer o ano passado, que terminou com uma área ardida de 133 mil hectares.
Duarte Caldeira, que fala de um "ajustamento" do dispositivo de combate aos fogos, admite que talvez existisse um excesso de meios aéreos. "Se calhar está demonstrado que os 56 meios aéreos disponíveis o ano passado são desproporcionais. É possível fazer bem com os 42 aparelhos que estão a operar este ano", afirma. O responsável lamenta, contudo, a "total ausência de resultados palpáveis a montante do combate", no âmbito das políticas de ordenamento do território e gestão da floresta.
Público
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